► Magaletha PovEstava tudo escuro. Depois da dor lancinante que parecia arrancar pedaços do meu corpo, que fazia todas as minhas células gritarem de mais pura agonia, que sufocava e me fazia gemer e estremecer, tudo parou e ficou escuro. Mas eu ainda não sentia nada. Nem o chão, ou cama, ou cadeira, ou pessoa que me sustentava. Eu só estava ali, sem saber o que estava acontecendo, ou o motivo. Depois viera o esquecimento.
Então eu vi a luz. Era a lua, e eu percebi que a dor havia ido embora. Talvez não houvesse ido embora completamente, mas estava muito fraca para que eu percebesse.
Girei a cabeça para a esquerda, ainda sem ser capaz de me levantar. Reconheci o beco em que estava estatelada no chão. As memórias começaram a surgir devagar na minha mente.
A noite caía lentamente, enquanto eu passava por uma rua de Volterra. Havia falhado em resgatar minha irmã dos Volturi, e quase morri por isso... Como explicaria para os nossos pais? Aqueles vampiros nem me deixaram vê-la, ligar para casa e depois virar jantar... Amanhã mesmo voltaria para Romênia, avisar que nem o exército resgataria Catalina.
Do nada, fui puxada para um beco escuro e jogada no chão sujo. Um homem alto, de pele clara e barba por fazer apontava uma faca para mim, enquanto olhava nervosamente para os lados.
- Passa tudo! – Ele disse, com a voz rouca de um estranho medo.
Confusa, mas ainda assim apavorada, estendi minha bolsa para ele. O ladrão apanhou-a de mim violentamente e balançou-a.
Ele me encarou com seus olhos castanhos, então percebi que ele estava em pânico. Muito mais do que eu.
- Desculpe... – Ele murmurou ajeitando a faca na mão. Recuei ainda caída no chão, mas o homem avançou para mim.
A faca perfurou meu estômago e eu perdi o fôlego. A dor era demais, e eu fiquei subitamente tonta, vendo o sangue vermelho vivo escorrer de mim. Então tudo ficou negro e eu desmaiei.
Encostada numa lata de lixo, a vi novamente.
Minha irmãzinha segurava o homem que me atacou, morto, assim como ela.
Seus olhos vermelhos brilharam quando ela me encarou, e então foi fácil perceber. Algo me impulsionou para frente, e eu cambaleei em direção a ela.
Minhas mãos se estenderam sem autorização, e agarraram o pescoço do bandido. Eu o tirei do colo de Catalina e o ergui na minha altura.
Enchi-me de asco quando percebi o que estava fazendo. Mordi a jugular dele com uma força que não sabia ter e suguei como bebia milkshake com canudinho.
Depois que havia secado o homem caí no chão de joelhos, e encarei minha irmã. Tinha certeza de que se vampiros pudessem chorar, estaríamos fazendo isso.
Ele me abraçou com força, e eu senti como éramos ambas duras e frias. O tempo que ficamos juntas pareceu durar uma eternidade, mas não mais do que quando ficamos separadas. Dois anos haviam se passado e ela ainda parecia ter doze. Coloquei minhas mãos brancas (literalmente brancas, como camisas numa propaganda de alvejante de roupas) no cabelo castanho avermelhado dela e sorri. Catalina retribuiu meu sorriso, mas tirou minhas mãos da cabeça dela e andou em direção ao homem morto, colocando-o em seus ombros sem o mínimo esforço.
- Desculpe. – Ela respondeu, e me surpreendi como sua voz havia mudado. Era mais doce e melodiosa, ressoava como o som de água em taças de cristal, compondo um tom calmante – Você não vai ter muito tempo para se acostumar com a nova forma... Vamos sair daqui devagar, depois podemos correr.
Eu assenti e olhei impressionada para a pequena Cat. Ela parecia uma líder. Sem dúvida estava muito mais a par daqueles assuntos do que eu. Claro, mesmo pesquisando sobre vampiros em “zilhões” de livros, de histórias a técnicos, não se podia comprar a teoria com a prática.
Ela saiu do beco, cautelosa, e eu a acompanhei. Volterra estava deserta, graças a Deus, então não tivemos que ficar nos escondendo o tempo todo.
Então houve um pequeno problema. O portão.
- Só corra, está bem? – Catalina murmurou com a sua voz de anjo quando notou minha expressão preocupada.
Não tive tempo de responder, já que minha irmã saiu correndo em disparada e cruzou o arco de pedra, praticamente invisível. Tomei fôlego, mesmo sem necessidade e corri.
O vento passava por mim numa velocidade incrível, arranhando o meu rosto e desarrumando completamente o meu cabelo. Só consegui parar quando bati de frente numa árvore, a dividindo em duas. Os pedaços de madeira se espalhavam pela estrada.
-Saco... – Catalina murmurou – Agora vamos ter que ir sem enterrar o coitado... Os Volturi vão notar o estrago, está bem perto da cidade...
Minha irmãzinha mínima lançou o homem (ou o que sobrara dele) no ar, e ele foi rodopiando até um bosque, então sumiu de vista.
- Creedo... – Murmurei.
Nossos olhos se arregalaram surpresos com a minha nova voz. Eu poderia tentar descrevê-la, mas algumas coisas são impossíveis...
- Caramba, Maggie! – Ela disse – Quando foi que você engoliu a orquestra de Berlin, a de Nova York e a de Londres?
Cat resumira bem. As minhas palavras soavam como música, até com instrumentos! Eu não falava, eu tocava.
- Agora vamos... – Ela sorriu, mostrando todos os dentes brilhantes e afiados.
- Pra onde? – Perguntei/cantei a ela
- Casa, oras... – Ela sustentou o sorriso – Mas antes temos que passar no castelo de Bran. Talvez tenhamos uma solução pra essa história de vampirismo... Mas rápido, antes que eles se dêem conta de que eu sumi...
Franzi o cenho, sem entender. Qual era a importância do Castelo de Bran?
- Drácula nunca existiu, Cat. – Murmurei cética – É uma história, li quinhentas vezes. Além do mais, esse castelo é um museu!
- Bem, nem todas as áreas estão abertas ao público. – Ele sorriu maliciosamente. – Pelo menos não o público “normal” Agora vem, não to a fim de pegar um avião.
- É, e como vamos chegar lá? – Perguntei sarcástica – Voando ou com propulsão de gases?
- Correndo – Ela revirou os olhos, então agarrou o meu braço. – Vamos...
Catalina me puxou, e foi como se o mundo se mexesse abaixo dos meus pés. Ser vampira era demais, o único problema era o cardápio.
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Gente, hoje tenho quatro coisas pra dizer.
1 - Primeiramente, vamos dar as boas vindas às irmãs Lacastus, que são nossas novas personagens! ;)
2 - Em segundo lugar, quero pedir as mais sinceras desculpas por não termos post ontem, pois minha internet ficou sem funcionar por vinte e quatro horas, e embora eu ligasse de duas em duas horas para a Brasil Telecom pra eles ajustarem o problema, não adiantou. Assim que entrei no PC, respondi os e-mails de inscrição e agora estou postando a fic atrasada.
3 - Aos que estão se inscrevendo, nós precisamos manter um tipo de contato em tempo real, como Skype ou MSN. Quem tiver e já se inscreveu, adiciona alvoreceu@hotmail.com (MSN) e o Skype peçam por e-mail ;)
4 - Obrigado a todos que estão lendo e participando! Isso me deixa muito feliz, e eu tenho certeza que também alegra todos os participantes do Calabouço dos Volturi!
Boa leitura, e um grande abraço!
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