► Samantha POVMinha garganta já não ardia tanto, mas aquilo não era o suficiente. Saí correndo de meu apartamento e nem me importei em ir de elevador, descendo escadas é mais rápido. Cheguei até o térreo, acenei para o porteiro e sai correndo porta afora. Precisava chegar até o mato o mais rápido o possível, então, me contorcendo de sede, peguei meu Mercedes preto e pisei no acelerador.
Fiquei caçando uns três dias, até que minha sede já estava mais comportada. Na verdade, eu não estava tão preocupada com a sede, o que me incomodava, era ser quem sou. Já tinha me conformado em ser vampira, mas eu ainda precisava de algumas respostas, que acho que só o Castelo de Bran pode me dar.
Entrei no carro, pisei fundo no acelerador, rumo ao Castelo. Será que aquilo ia dar certo? Certeza de tudo eu não tinha, mas de uma coisa sim. Se eu precisasse morrer para encontrar respostas, eu iria.
Quando estava na metade do caminho, senti um cheiro horrível. Cheiro de lobisomem.
Ai.
Tinham lobisomens no meu caminho, e era bem provável que eles estivessem sentindo meu cheiro.
Quanto mais eu avançava, mais forte ficava o cheiro, até que quase dei de cara com um lobo, na forma humana.
- O que está fazendo aqui? - perguntou o "homem"
- Eu estou viajando - eu disse sem sair do carro, mas num tom de voz alto.
- Então vá logo
- Eu já estava indo se você não viesse me incomodar - eu rosnei.
Ele rosnou e depois me deixou passar. Era só o que me faltava, lobos. Aquele lobo parecia amigável... mas não era. Nenhum lobo é.
Lembrar de lobos me fez lembrar de um episódio em minha vida, depois de vencer uma luta...
[/flashback]
- Sam, agora que a batalha acabou, preciso falar com você - Kevin disse aflito
- O que foi? - a preocupação tomava conta de mim constantemente.
- Sam, eu vou embora. Eu não posso continuar aqui, só por sua causa. É claro que eu te amo, sempre vou amar, mas eu tenho que seguir em frente, eu só te atrapalho.
- O que você tá falando? Tá maluco? Você é a única razão da eternidade!
- Sam, você merece alguém melhor que eu. Eu não sou pra você.
Ele me abraçou, sorriu, triste,e saiu caminhando.
- Não vá!
- Adeus Sam.
Eu sangrava por dentro. Meu único amor, o dono do meu coração, se foi. Para sempre.
[/ fim do flashback]
Se eu pudesse chorar, eu estaria. Tive que respirar fundo e tentar me acalmar. Nunca tinha me conformado, como ele podia fazer isso comigo? Acho que é por isso que sou assim. Sozinha, calada, arrogante...
Minha esperança de encontrá-lo já tinha sido morta e picada em mil pedacinhos. Mas ainda sonho acordada com ele, sonho em encontrá-lo.
Só voltei a realidade quando me toquei que havia parado em frente a um aeroporto, para pegar um vôo para a Cidade de Bran. Wow. Eu, pegando um avião. Eu quase sempre evitava pegar aviões, com medo de matar a tripulação toda e acabar tendo que pilotar o avião. Não, não mesmo.
Mas hoje eu tinha que ceder, era o meu futuro que estava em jogo. Eu devia pensar em mim antes de tudo, não devia?
Fiquei uma eternidade esperando numa fila idiota, pra conseguir minhas passagens. Eu estava ODIANDO o cheiro no ar, o cheiro um tanto...doce...cheiro de humano. Droga.
Depois, segurando minha ENORME bagagem e me atrapalhando toda com as passagens, eu consegui entrar no avião. É claro que depois de uns 5 minutos que eles haviam fechado as portas minha garganta reclamou. Reclamou e parou no instante seguinte. Eu sentia um cheiro diferente. Um cheiro bom. Cheiro de vampiro.
E para ajudar o VAMPIRO (que foi sentar do meu lado, grrr) era não só um vampiro qualquer, era o MEU vampiro. O meu Kevin.
- Sam?
- K-Kevin? - eu gaguejei? Droga!
- Sam, o que VOCÊ tá fazendo nesse vôo?
- Você não queria me ver não é?
- Você planejou isso?
- Não, é claro que não! - eu falei alto demais, mas depois continuei - Você não respondeu a minha pergunta.
- Sempre sonhei em te encontrar novamente.
- Então porque me deixou naquele dia?
Ele revirou os olhos, depois deu de ombros.
- Vai tirar seus pés da poltrona e me deixar sentar ou não?
Cruzei os braços, desafiando-o. Ele revirou os olhos e disse:
- Não podemos lutar aqui.
Eu fiz uma careta, depois tirei os pés da poltrona.
- E aí, cadê ela?
- Ela quem, Sam?
- A sua namorada ué, a essa hora, você já deve ter tido umas vinte... Se eu estiver mentindo pode me dar um murro agora.
- Primeira coisa: eu não ia dar um murro em você nem querendo. Segunda coisa: Sim, eu já tive umas trezentas, pra tentar substituir você, mas a algum tempo eu admiti que você é insubstituível. Satisfeita?
- Aham... - fiz uma cara de lunática, depois tombei a cabeça para o lado da janela.
Eu não estava olhando pra ele, mas podia jurar que ele estava sorrindo. Eu devia estar sonhando. Kevin, o meu Kevin, aqui! KEVIN! AQUI! Vampiros podem pirar? Pois eu estou!
- O que vai fazer na cidade de Bran? - perguntei. Eu sou mesmo patética.
- Vou ao Castelo de Bran, preciso de respostas, e você?
- Ah, eu também.
- Vamos juntos!
- Kevin...
- Não diga nada.
Revirei os olhos.
Deviam ter passado uns dez minutos, quando ele de repente perguntou, como se não fosse nada:
- Você ainda me ama?
- O que?
- Eu fiz uma pergunta.
- Amo! Amo, tá bom? Te amo muito. Sempre amei. Satisfeito?
- Sabe... Na verdade eu estou muito, muito, muito satisfeito.
- A-ha.
- Também te amo. Muito.
Então, bom, o que eu menos esperava aconteceu. Ele me beijou. Sério. Beijou mesmo! Beijou do mesmo jeito em que nos beijávamos antes... bons tempos aqueles.
- Pára - eu falei afastando-o de mim.
Ele riu e eu não aguentei. Quando me toquei, nós dois estavamos dando gargalhadas...Eu tava realmente doidinha.
Depois o avião pousou e nós descemos (de mãos dadas? É, de mãos dadas! Meu Deus!) e pronto. Estávamos na cidade onde ficava O Castelo de Bran. Eu estava a um passo da eternidade perfeita. Com o amor da minha existência, com as respostas que sempre quis.
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