► (Narrado em terceira pessoa)Aro saía do seu cativeiro na torre de Volterra pela primeira vez em alguns bons anos. Ele não visitava mais a parte externa da cidade, somente as torres e o castelo que tinha como moradia junto com Caius e Marcus. O mundo agora era um lugar pacífico para se viver, graças ao grande controle dos outros vampiros pelos Volturi.
Comandar aquela raça extraordinariamente avançada, se comparada aos demais seres existentes na face daquele planetinha chamado terra, era monotonamente fácil. “Ninguém pode com os Volturi” pra cá, “não ouse quebrar as regras” pra lá, e tudo ficava na mesma. O fato é que ninguém tinha a audácia de apontar para um Volturi, porque você sabe como as coisas são. Elas se enfeitam espontaneamente ao longo do tempo que se passa. Mas a verdade é que Aro estava sedento por ação. Por uma aventura tão difícil, como uma nova grande rebelião, ou um grupo secreto de vampiros que estivesse criando um exército contra eles. Foi por esse motivo que naquela noite ele saía para as ruas da cidade tão calma da Itália. Queria procurar encrenca, pelo simples fato de o ditado dizer que quem procura, acha.
Mas nem sempre o faz. Embora fosse indistinguível a aparência de vampiros normais, Aro era milenário, e sua pele mantinha um tom semelhante ao do papel. Nenhum humano vivo conseguia ter aquela cor, ou os olhos vermelho-leitosos. E ele se arriscara até a sair sem óculos daquela vez, ou com um grande manto cobrindo seu rosto. Se ele queria algo emocionante, até um humano valia à pena.
Foi por isso que não contara aos seus outros irmãos sua pequena saída à noite. Em grande parte, fora porque não era apenas uma saída à noite. Era uma aventura. Estava claro ali que Aro não queria só cheirar o ar puro da cidade, ou matar um humano ou outro. Ele sairia de Volterra e sentiria o que não sentia há muitos anos. Sentiria a adrenalina percorrendo seu corpo, e outras tantas emoções que te fazem se sentir bem, e ele já havia até esquecido.
Vampiros como o Aro nunca saíam sozinhos à noite, mas nesta ele tinha conseguido essa proeza. Embora ele soubesse que provavelmente seus irmãos já tivessem noticiado sua saída, eles não podiam prever que ele fugiria dali, com uma mão na frente e outra atrás, mas aquele não era Aro.
Além de uma aventura, o vampiro que continha um terço do poder da nação devastadora de vampiros, Aro precisava redescobrir sua identidade. Estar em contato com tantas outras o fizera perder a personalidade, e era só uma questão de tempo para ganhá-la novamente.
E com grande velocidade, atravessou os portões de Volterra, fazendo com que apenas um vulto negro pudesse ser notado pelos guardas que guardavam atenciosamente a entrada da cidade mais segura do mundo, como se cuidassem de um bebê chorão.
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