► Izobel POVJá faz tanto tempo desde a pior noite da minha vida, mas o rosto dele não sai da minha mente. Tudo o que eu faço é pensar naqueles olhos, é sentir o seu maravilhoso perfume, é ouvir a sua doce voz. Sei que o que estou fazendo não é certo. Esse grande anel de diamantes que está no meu dedo diz isso. Tenho um noivo e é nele que tenho que pensar.
Mas por algum motivo sempre que olho para esse anel, sinto uma sensação estranha e lembro do outro: o monstro que sugou a vida do meu irmão. Deve ser coisa da minha cabeça. Como Henri sempre me diz, desde a morte do meu irmão eu tenho ficado obcecada. Tenho pesquisado sobre vampiros e outras criaturas, maneiras de exterminá-las, maneiras de fazê-lo pagar pelo o que tinha feito.
Ódio e vingança se misturam com um sentimento que eu não sei qual é. pelo menos uma vez por mês eu me sentia segura, como se alguém estivesse olhando por mim, cuidando de mim. E eu torcia para ser ele.- Pensando no nosso casamento? – ouvi a voz de Henri invadir meus pensamentos
Eu apenas olhei um pouco confusa para ele e tentei sorrir enquanto encaixava os meus pensamentos novamente.
- Não está pensando naquela noite está? – ele começou o questionário
- Se eu estivesse? Qual é o problema? Não foi você...
- Que viu seu irmão ser morto e quase morreu também. – Henri me cortou com raiva – Você ultimamente tem sido tão fria, vazia, vingativa
- O que você está querendo dizer com isso? – eu perguntei
- Que está difícil de ficar com você. – Henri me respondeu secamente
- Sinto muito Henri, mas não pedi para você ficar ao meu lado. – disse a ele no mesmo tom
- Se eu não ficasse do seu lado, quem ficaria? O seu salvador que te deixou na porta de uma delegacia, desamparada? – ele zombou e fez meu sangue ferver
- Eu não sei porque você sempre toca nesse maldito assunto. – disse me levantando com raiva
- Por que quando você não está pensando numa forma de achar o assassino do Pedro, você está pensando no homem que te salvou. – Henri me respondeu grossamente – Quando eu vou ter um espaço nos seus pensamentos.
- Quando você parar de tentar invadir a minha vida e deixar que eu apenas abre a porta para você. – eu falei tentando segurar um grito
- Você precisa se abrir! Ou vai morrer com essa amargura. – ele me disse enquanto eu saía
- Prefiro morrer a dize o que eu estou sentindo. – falei pra ele antes de ir embora
Saí da casa de Henri e fui andando calmamente pelas ruas. Estava um dia nublado e frio, assim como eu estava. A rua deserta não me incomodava mais. Até que eu senti não estar tão sozinha como eu pensava.
Olhei para trás, mas não vinha ninguém. As árvores se mexiam conforme o vento soprava e parecia ser o único barulho.
Continuei caminhando tranquilamente, mas aí ouvi um miado? Comecei então a procurar de onde vinha aquele miado, não costumava a ter gatos naquela vizinhança.
- Você acabou entregando nossa posição cogumelo. – ouvi uma menina, animada com uma voz belíssima.
Fui me aproximando devagar, mas ela se materializou na minha frente. Por incrível que pareça eu não me assustei, apenas fiquei encarando ela.
- Nossa, você é realmente bonita. – ela murmurou e eu não entendi nada
- Desculpe, devo ter pensado que era outra pessoa. – eu disse para aquela menina, parecendo ser um pouco mais nova que eu, porém com uma beleza assustadora
- Você deve ter pensado que era o Bill, mas ele apareceu duas vezes essa semana então...
A garota começou a tagarelar e eu não entendia muito o que ela estava dizendo.
- Bill? Não conheço nenhum....
Mas foi aí que tudo se encaixou. Aquela menina tinha as mesmas características dos seres que eu tanto estudava. Ela me encarou sorridente e chegou a dar um pulinho de felicidade quando percebeu que eu tinha ligado os fatos.
- Então o vampiro que me salvou se chama Bill. – eu falei num sopro de voz
- Nãaaaaaao querida. O vampiro gostosão que te salvou se chama Bill. – ela disse
- Você disse que ele vem sempre.....
- Claro. No mínimo duas vezes por semana. – ela me disse sorrindo
Eu devia estar com a maior cara de tacho da vida. Estava conversando com uma maluca que havia aparecido do nada e estava me dando as informações que eu cacei durante um ano.
- A propósito meu nome é Williene e esse é o Cogumelo. Somos os melhores, eu diria únicos, mas o Bill fica chateado. Bem, somos os melhores amigos do Bill. – ela falou animada
Mas eu não demonstrei reação alguma, apenas encarei ela e sacudi a cabeça.
- Droga, quando ele falou que você estava infeliz tava falando sério. – Williene comentou
- O Bill fala de mim? – eu perguntei
- Sempre. Na verdade ele falaria isso para você agora se não tivesse desistido na última hora. – Williene me respondeu – Ele me proibiu de vir aqui, sabe como é... ele acha que é pra você viver feliz da sua maneira
Fiquei quieta mais uma vez. Williene sempre me encarando com uma curiosidade que me deixava desconfortável.
- Por aqui tem alguma cafeteria que venda capuccino com calda de chocolate? – ela me perguntou
- Vampiros não comem ou tomam nada que não seja sangue. – eu respondi
- Vampiros estão se reunindo no tal castelo do tal Bram e eu não estou lá, senhora Bill. – Williene me disse zombando, mas logo ela colocou a mão na boca assustada
- Vampiros? No Castelo de Bram? – eu perguntei interessada
- Sim, sim. Mas esquece o que eu disse, você não vai querer ir pra lá. É um lugar feio, sem borboletas, nem um gatinho...
- Mas tem vampiros. – eu contrapus
- Que vão querer seu sangue florzinha. – ela me disse
- O vampiro que quis o sangue do meu irmão pode estar lá. Acha mesmo que me importo? – eu falei andando em direção a minha casa
- Você não pode ir! – ouvi ela gritando
Não me importei, apenas fiquei torcendo para que ela não usasse sua incrível força para me impedir. Mas ela não usou, apenas ficou gritando
- O BILL VAI ME MATAR. ME FAZER EM PICADINHOS TACAR FOGO E AINDA TACAR FOGO NAS MINHAS CINZAS! IZZY! – escutei ela gritando, mas não me importei
Ela havia me dado finalmente um ponto de inicio, o inicio da minha caçada.
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