► Michelle POVA vida sozinha é realmente muito entediante. Eu poderia até pensar e criar uma companhia para mim... não Mitchie! Pare já com isso! Assim acabará como Vladmir, e essa é a última coisa que você quer, lembra?
Já se passaram seis meses desde que Vladmir me deixou por ele: Harry, o garoto que ele transformou para que fosse como um irmão para mim, mas só foi capaz de roubar de mim a companhia do meu criador... Se eu ao menos não tivesse sido tão ingênua e visto que os poderes do meu irmãozinho poderiam atenuar os meus, isso jamais teria acontecido.
Eu estou simplesmente cansada de vagar por Londres como uma mendiga qualquer. Sou muito mais do que isso, sou uma vampira, mais forte, rápida e bonita que qualquer humano; por isso tenho que viver como tal. Mereço uma vida de realeza, e isso é algo que, com meus poderes, posso obter facilmente...
A palavra realeza produziu um estalo em minha cabeça: pelo que dizem as histórias contadas pelos poucos de minha espécie que encontrei na cidade, foram os Volturi quem depuseram os habitantes do Castelo de Bran de seu trono. O que provavelmente significa que é a eles que devo recorrer caso queira ter algum sucesso na minha vingança - se derrotaram uma vez... É isso! Vou para Volterra agora mesmo!
Movida por uma forte determinação e sensação de que estava no rumo certo para conseguir o que queria, comecei a correr em direção ao Canal da Mancha: a maneira mais rápida de se chegar ao restante do continente europeu.
Ia mais rápida que o vento quando um cheiro em particular chamou minha atenção. Não era como o do restante dos humanos, era simplesmente delicioso! Minha boca imediatamente encheu-se de veneno e meu corpo se preparou para atacar minha presa. Eu já tinha me alimentado naquela noite, mas eu não tinha forças suficientes para deixar passar algo tão bom quanto aquilo.
Me virei para encarar o pobre humano que havia desafortunadamente cruzado meu caminho, e dei de cara com o garoto humano mais lindo que eu já havia visto na vida. Ele aparentava ser um pouco mais velho que eu, algo em torno dos dezessete anos. Seus olhos eram de um azul profundo e incrivelmente claro, seu cabelo era de um lindo tom castanho, sua pele era clara, e não tinha as marcas de acne características dos outros de sua idade. Sua expressão era de admiração, e sorri por dentro ao perceber que era para mim que ele olhava daquele jeito abobado. Às vezes me esquecia do quanto era bonita agora.
Tentei usar toda a minha força de vontade para prender minha respiração e fechar os olhos para não ver o rubor que tomou conta de sua face ao ver que eu o encarava - eu não queria matar um garoto pelo qual eu cairia de joelhos enquanto humana. Mas eu ainda podia ouvir seu coração batendo acelerado, o sangue correndo por todas as veias de seu corpo. A queimação em minha garganta era demais: eu não poderia resistir por muito tempo.
Abri meus olhos e ele ainda me encarava - esse duelo mental comigo mesma não devia ter durando sequer um segundo. Usei o tom de voz mais sedutor que pude conseguir:
- Oi!
Ele pareceu nervoso com minha saudação, mas respondeu de modo simpático:
- Olá! Sou Zachary, posso ajudá-la? Você parece meio perdida... - ele perdeu o fio da meada enquanto olhava meus olhos violeta - uma mistura do vermelho natural com as lentes azuis.
- É um prazer conhecê-lo Zachary. Sou Michelle. Você acertou em cheio, estou perdida sim... poderia me levar até o Canal da Mancha?
Ele hesitou por um segundo - provavelmente se perguntando o que uma garota faria lá àquela hora da noite - mas seu cavalheirismo britânico combinado ao meu poder o impediu de negar meu pedido.
Pobre Zachary... Mal havíamos andado duas quadras e eu o puxei para um beco. O som de agonia de seus lábios quando meus dentes afiados perfuraram sua jugular; e seu rosto, cheio de dor e pesar naquele momento, seriam coisas que provavelmente me assombrariam por um bom tempo. Seu sangue era realmente delicioso - foi impossível parar até que todo seu corpo fosse drenado.
Deixei seu corpo sem vida caído no chão e segui para a água, querendo mais do que nunca poder sucumbir ao conforto das lágrimas.
Era a primeira vez que eu desejava ter continuado como uma humana frágil e rejeitada, que lamentava por Vladmir ter me mudado, me transformado na vampira-monstro que eu era agora.
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