► Catalina POV"Azul... Azul... Azul... Az"
- Cale a boca, Magaletha! - Catalina murmurou entre dentes. Era tão divertido deixá-la zangada...
- Está com medo de desmaiar de novo? - Perguntei segurando o riso.
- Não é desmaiar. - Minha irmã continuava sussurrando, tentando controlar a raiva - É como uma morte cerebral temporária. Além do mais que raio de música é essa? Você... Que droga, pare de mexer nesse carrinho idiota!
Eu ri alto, ainda balançando o carrinho de compras cheio de humanos desmaiados.
Acho que esse é o momento de explicar melhor... Vocês devem estar boiando...
O que acontece é que eu descobri recentemente que quando eu canto consigo desligar as funções cerebrais de humanos e vampiros. Humanos normais levam só quinze segundos (alguns mais, outros menos) e vampiros uns dois ou três minutos (não que eu tenha testado em outros fora a Cathy...). Todo o dia eu cantava em algum bar (era uma estratégia ótima, já que o álcool distorcia o cheiro de sangue, e assim não corria o risco de pular em cima de ninguém quando estivesse consciente, e é claro, a chance de encontrar crianças era nula) e quando todos desmaiavam, pegávamos alguns e levávamos para uma floresta para nos alimentar, e, aproveitando, limpávamos o caixa.
Aquilo era bem funcional e lucrativo (compramos dois óculos superescuros lindos e umas roupas) mas tedioso. Catalina nem ligava muito... Ele se sentia segura com a rotina. Eu não. Nunca tive exatamente planos para o futuro, mas viver daquele jeito, arrastando dia após dia por toda a eternidade seria tedioso. Muito tedioso. O cúmulo do tédio.
Estávamos muito próximas ao castelo de Bran naquele momento. Sendo honesta, escondidas entre as árvores que ladeavam a construção. Minha irmã estava bancando a misteriosa, se recusando a me falar dos vampiros do castelo. Tudo o que ela me disse, é que, se seus poderes estiverem funcionando, deveriam haver cinco vampiros lá. Ela estava brava comigo... Acho que eu estava sendo volúvel demais. Numa hora, ficava alegre e elétrica, e noutra começava a "chorar".
- Quando vamos entrar? - Perguntei.
- Temos que enterrar eles primeiro. - Catalina respondeu, com os braços cruzados na frente do corpo.
- Você gosta bastante de cavar, Né? - Perguntei sorrindo e imitando sua pose.
- É. - Ela murmurou - Agora, me ajuda aqui!
Minha irmã se ajoelhava na terra negra enquanto eu descarregava o carrinho.
A noite estava linda e fria, as estrelas bem claras no céu, do jeito que eu gostava. A neblina branca no chão, as árvores negras, finas e cumpridas. Aquele lugar era perfeito pra terminar aquilo que nunca tinha começado...
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