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walk down memory lane
AVISO
sábado, 28 de fevereiro de 2009
04:40
Aos leitores e escritores:
Todos sabemos que essa semana foi agitada - ou pelo menos o início dela - então pelos sete dias da semana de carnaval, o blog ficou bastante parado, talvez mais do que merecia estar. Mas a partir da segunda-feira, dia 02/03, o Volturi's Brig estará de volta à ativa, com posts quase todos os dias.
Mãos à obra!
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Primeira Impressão
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
15:33
► Catherine POVEu nem mesmo tive tempo de responder ao cumprimento. Enquanto eu ainda o fitava, meio perplexa, ele saltou, com toda a agilidade que é peculiar aos da nossa espécie, e saiu pela mesma janela pela qual eu havia entrado. Decididamente, o velho museu era bastante movimentado na parte da noite. Me perguntei se não devia ir atrás dele, mas a curiosidade sobre o que me aguardava no subsolo foi maior. Seguindo a indicação do vampiro, afastei as poltronas e levantei o tapete. Ali estava a passagem que me levaria às tão desejadas respostas. Então por que raios eu me sentia tão tentada a voltar pelo mesmo lugar por onde viera, seguindo o exemplo do vampiro que saíra pela janela? Sacudi a cabeça, como se aquilo fosse afastar os pensamentos e removi a parte do piso que levava a... bem, aonde quer que aquele buraco escuro fosse me levar.
- Ok, Cathe. – murmurei para mim mesma – Vamos ver aonde isso vai dar.
Espiei para dentro do buraco. Não vi absolutamente nada, a escuridão era total. Bem, as chances de que eu me ferisse na queda eram... bem, nenhuma, então simplesmente pulei.
A queda foi longa, sei lá quantos metros aquele troço devia ter de profundidade, mas finalmente caí, de pé, e com um leve baque, no chão de pedra de um corredor longo e mal iluminado. Lá embaixo, o cheiro adocicado, e que, depois do meu encontro com o jovem vampiro no museu, eu sabia que pertencia aos da minha espécie, era ainda mais intenso, e foi através dele que eu fui me guiando, seguindo pelo corredor, em busca da origem, do cheiro, ou melhor, dos cheiros. Aquele lugar tinha um cheiro diferente, especial... bem, talvez fosse só umidade e mofo, típico de lugares velhos assim, misturado ao cheiro de vampiro. Mas havia uma distinção muito sutil no aroma que eu sentia, e eu tive absoluta certeza de que havia mais de um vampiro no subsolo do castelo de Bran.
Eu não corri. Preferi andar, sempre atenta a qualquer movimento perto de mim, mas por fim minha própria vagareza me irritou e comecei a correr ao encontro das minhas respostas. Ainda assim, devo ter demorado uns vinte minutos para chegar ao que parecia ser o centro de um conjunto de galerias, uma espécie de salão que se ramificava em corredores por todos os lados. Me senti extremamente exposta ali. Meu criador, quem quer que fosse, me dissera para procurar o castelo de Bran, mas não o que eu encontraria lá. Eu não podia saber se os... – farejei o ar – dois... não – farejei novamente –, três, havia três vampiros no subsolo do castelo, com certeza, se os três vampiros que lá estavam, em algum lugar, eram amigos ou inimigos, e eu não estava muito disposta a arriscar. Gabe me disse uma vez que vampiros podem ser bastante territorialistas.
- Ora, ora, ora... mais uma visitante...
Me virei no mesmo instante para a entrada do corredor à minha esquerda; um vampiro estava parado no portal, me observando com curiosidade. Ele ergueu o rosto e farejou o ar.
- E... uma recém-nascida. – acrescentou, abrindo um sorriso faiscante. Seus olhos eram do vermelho mais vivo que eu jamais vira. Instintivamente, assumi uma posição defensiva.
- Acalme-se, vampira. – um segundo vampiro surgira, em outro corredor, logo à minha frente – Não vamos machucá-la.
Não gostei do modo com que ele me olhava, aliás, ambos. Meio sem pensar, dei um passo atrás, sem tirar meus olhos de nenhum dos dois sequer um minuto.
- Quem são vocês? – perguntei, o olhar o tempo todo correndo de um para o outro.
- Acredito que tenhamos mais direito a fazer essa pergunta do que você. – disse o primeiro vampiro, dando um passo em minha direção – Afinal, você invadiu a nossa... casa.
Eu o encarei por um instante. Pacientemente ele esperou que eu respondesse.
- Catherine. – respondi, de má vontade – Catherine Reverbel.
- Muito bem, Catherine Reverbel. – disse ele, com um sorriso enviesado – Posso chamá-la de Cathy? – eu apenas o fitei, sem dizer palavra. Ele deu de ombros – Acho que não. Somos Stefan e Vladimir. – disse, apontando para si mesmo e para o outro vampiro, que apenas acenou com a cabeça.
- E o outro? – perguntei, ainda encarando-o. Eu tinha absoluta certeza da prresença de outro vampiro ali.
- Desculpe...?
- Há mais alguém aqui. – respondi, de forma levemente petulante – Eu posso sentir o cheiro.
Os dois se entreolharam por um momento.
- Seria possível... Stefan?
- Uma rastreadora? – disse o outro, olhando de mim para Vladimir, parecendo ao mesmo tempo surpreso e satisfeito.
Acho que ao olhar para mim percebeu a expressão em meu rosto, de confusão e uma leve impaciência, pois abandonou sua pequena discussão e ambos voltaram a prestar atenção em mim.
- Perdoe nossa falta de educação. Ficamos apenas... surpresos. – disse o vampiro chamado Vladimir, com um sorriso inocente que não me convenceu – Há quanto tempo é uma de nós, Catherine Reverbel?
- Pouco. – respondi, lacônica.
- Ela quer a resposta para a pergunta que fez. – disse Stefan, com um leve sorriso ao seu companheiro, e então voltou-se para mim – É nossa hóspede, Tiphany. – disse ele – Ela está em seus aposentos.
- Agora que já teve sua curiosidade satisfeita, que tal satisfazer a minha? – disse Vladimir – O que faz uma recém nascida, sozinha, aqui, a esta hora da noite?
Boa pergunta! O que eu estava fazendo ali mesmo? Ah, sim, seguindo as instruções de um vampiro que eu nem mesmo sei quem é, e buscando respostas para perguntas que eu nem mesmo fiz. Ótimo, né?
- Eu vim encontrar alguém. – respondi – E vim buscar respostas.
- Respostas? – ecoou Stefan – Nós temos todas. Tudo o que desejar saber sobre a nossa espécie, e sobre outras que sequer supõe realmente existirem.
- Agora, encontrar alguém... – disse Vladimir, tomando a palavra – só há nós aqui. – disse ele, abrindo os braços, como que para abranger todo o lugar. Mas ele estava errado naquele ponto.
- Talvez não. – disse eu, e ambos me olharam, surpresos.
- O que quer dizer? – perguntou Vladimir. Eu voltei a cabeça para trás, para o corredor por onde viera e farejei o ar. Cheiro de vampiro.
- Talvez eu não seja a única visitante de você esta noite.
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Malditos Vampiros!
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
07:31
► Catalina POVMinha irmã parecia tão entediada enterrando os cadáveres, ou melhor, os que virariam cadáveres. Ela andava tão chata aquela semana. Reclamava, pirava, dava pulos de alegria e quebrava umas árvores vez por outra. Não me lembro de ter sido tão maluca quando era recém nascida.
Bom, foi quando estava pensando naquilo que entendi que estávamos com problemas.
Fazia um tempo que eu estava sentindo um grupo de vampiros, quatro, acho, nos seguindo. Não dei muita atenção por que eles estavam há uns sessenta quilômetros, e também por que poderiam estar atrás do castelo de Bran, Mãããs, como minha adorada irmã estava me enchendo o saco, eu me distraí e parei de prestar atenção neles, só que, agora, eu estava convicta de que estávamos mesmo ferradas.
Era quatro. Um deles, o mais velho, devia ter uns duzentos anos, tinha uma habilidade bem bizarra para negócios. Acho que era lábia. O segundo devia ter uns doze, e não tinha nada de mais, só era asseado, maníaco, pra dizer a verdade. Devia abominar baratas e ter um removedor de manchas de sangue pra não deixar nada sujo depois de comer. Um tinha uns trinta anos como vampiro, e tinha uma resistência bem anormal ao cheiro de sangue. Ele parecia agüentar uma sala cheia de humanos com uma certa naturalidade se não estivesse com muuuuuita fome. E havia o monstrengo. Ele devia ter uns dois metros de altura e quatro de largura, era um bicho que esmigalharia os nossos ossos.
Por uma razão bem óbvia, acho que o mais velho era o líder. Ele escolheu a "turma" dele muito bem. Um pra se misturar com os humanos, tipo um agente duplo, outro pra limpar a bagunça e evitar uma visitinha dos Volturi e outro pra esmagar a concorrência. Malditos vampiros. Eu já podia sentir o cheiro deles
- Maggie. - Sussurrei - Vampiros!
- Você já disse. - Ele respondeu fazendo um careta.
- Não, não os do castelo! - Eu argumentei zangada e Magaletha pareceu interessada - São quatro, e estão seguindo a gente!
- Como assim? - ela perguntou franzindo o cenho.
E, antes que eu pudesse responder os quatro apareceram bem ali. Saquei que o líder devia ser bem dramático, já que todos estavam fazendo poses, menos o grandalhão - que tinha mesmo dois metros de altura e quatro de largura - que estava tentando sem muito resultado.
Havia um garoto loiro, talvez da minha idade, um pouco mais baixo, que devia ser o que agüentava bem o cheiro de sangue. O que estava na direita era ruivo, magro, com feições femininas e sorria alegremente, como uma criança orgulhosa por tirado um A+ numa prova difícil e, obviamente era o alérgico a tudo. O último, o líder, se vestia como o Ville Valo(vocalista de uma banda que a Maggie A-DO-RA) ou o Criss Angel. Super. O cara saiu de um filme, ou o Zé do Caixão teve um filho com a Julia Roberts, e a criatura estava na nossa frente.
Tinha que ser culpa da Mag. Só ela pra atrair um nanico, um cara que devia andar com Spray desinfetante na mochila, um maluco que só podia ser um vampiro de filme e a Muralha da China. Palmas para a Maggie, ela merece.
- Precisam de alguma coisa? - Ela perguntou, a voz séria e confiante
- Na verdade - O líder respondeu. Ele estava tão seguro que fez Magaletha parecer uma criançinha assustada - Estamos com fome.
Minha irmã piscou como se tivesse entendido que não podia intimidar um ser daqueles. Ele tinha a mesma tranqüilidade do Marilyn Mason, e pra aqueles que não sabem, diante das críticas, o Marilyn Mason é muito zen.
A nossa cara, a cara das irmãs Lacastus, pra ninguém ficar confuso, estava impagável! Maggie olhava pra mim com a boca escancarada, eu gaguejava pra ela um monte de coisas sem nexo. Era impressionante como o cara era convincente, como se não desse pra dizer não á ele.
Bom, naquela hora eu quase gritei "Larga o carrinho e pica mula, criatura!" mas acho que ela entendeu o meu olhar. Catamos os nossos pedaços, e saímos de lá com o resto de dignidade que ainda tínhamos.
Bom nós perdemos a nossa comida mais fizemos um bando de vampiros felizes. Isso podia ajudar em alguma coisa... Não, sem dúvida que não.
Não falamos nada até chegarmos ao castelo.
- Uma escalada? - Perguntei, encarando uma janela no último andar
- Vamos ver quem chega primeiro! - Ele concordou alegremente, enganchando o pé esquerdo num tijolo saliente.
- Isso aí... - Respondi retribuindo o sorriso e me agarrei na parede.
Então começamos a escalar.
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Plano frustrado
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
17:00
► Izobel POVO castelo de Bran, era para lá que eu iria. Havia uma possibilidade mínima de encontrar o assassino do meu irmão, mas havia. Enquanto eu arrumava a minha passagem e as minhas coisas para a viagem, parei para pensar no que aquela vampira que sem querer havia me ajudado. A verdade é que no fundo no fundo eu torcia para que ela não estivesse encrencada. Mas o Bill, se é ele mesmo, não me parecia alguém que pudesse machucar outra pessoa.
Por um momento a imagem de Henri apareceu na minha mente. Mas eu não poderia avisá-lo, ou ele iria me impedir. Quando eu estava fechando a mala encontrei duas pessoas paradas no meu quarto me encarando.
A pequena figura de Williene me olhava preocupada enquanto carregava dois gatos nos braços. E uma outra pessoa que eu nunca pensei que pudesse rever na minha vida, estava parada na minha frente.
Era ele. Os olhos dourados, os cabelos caindo nos olhos, o mesmo ar de segurança que ele me passava. Ele parecia a materialização da perfeição. O meu vampiro salvador, estava ali, me olhando dentro dos olhos. Ele estava, bravo?
- Vocês vão ficar se encarando o dia todo? – Williene perguntou se aproximando de mim para ficar entre nós dois.
- Você não está podendo fazer piadinhas agora Williene. – ele disse para ela sem desviar os olhos dos meus.
Senti que ela se largou na minha cama, mas não parei de encará-lo, desafiá-lo. Aquela calmaria toda, apenas troca de energias tensas estava me deixando louca. Respirei profundamente e abaixei a cabeça procurando a mala que estava no chão.
- Você não vai. – ouvi a voz dele me dizer com firmeza, mas ao mesmo tempo totalmente envolvente
- Imagino que você vá tentar me impedir. – eu disse sem nem ao menos parar de fazer o que estava fazendo
- Ih você está provocando ele. Cuidado. – Williene cantarolou
- Se você aparecer nesse castelo, não vai durar um segundo. Eles vão simplesmente atacar. – Bill me disse com a voz controlada
- Por que eu escutaria alguém que nem ao menos se apresentou? – perguntei voltando a encará-lo
- O nome dele é Bill, eu já disse. E o fato que ele é gostosão você já sabe. – Williene respondeu e voltou sua atenção para os gatos
- Eu salvei você! – ele falou se aproximando
- Não pedi isso. – rebati não recuando
- Eles são vampiros. – Bill contrapôs
- Você também é e não sugou meu sangue. – eu falei quando ele estava bem próximo que a sua pele fria, embora não encostasse na minha, passasse um frescor agradável.
- Acredite, não foi por falta de vontade. – ele sussurrou respirando fundo
- Me dê um motivo para não ir. – eu desafiei
- Os vampiros que estão lá, estão atrás de alguma explicação. E o que matou seu irmão, tem toda explicação que ele possa querer. – Bill me disse
- Você o conhece? – eu perguntei quase afirmando
- Sim. – ele me respondeu
Me afastei dele tão rápido que a Williene se levantou assustada.
- Você tinha que acabar com tudo né? Ela ia beijar você, seu boca solta. – ouvi Williene reclamar
- Quem é ele? – quis saber depois do choque
Bill desviou os olhos dos meus pela primeira vez.
- Bill, quem é ele? – eu perguntei já desesperada
- Florzinha. Senta aqui, desarruma essa mala que o Bill vai te contar toda a história. – Williene me disse enquanto eu ainda o observava
Bill se virou para mim e de repente eu comecei a pensar se eu realmente gostaria de sabe toda a verdade sobre aquela noite.
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Decisões
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
15:48
► Michelle POV Finalmente cheguei em Volterra. Depois de passar boa parte da noite atravessando o canal da Mancha, achei que merecia uma refeição decente. Porém, quando me preparava para atacar um casal que passava por mim na beira da praia, por volta de uma da manhã, me lembrei do garoto que ataquei em minha última noite em Londres. O pesar por ter matado garoto tão lindo foi mais forte que a sede que queimava minha garganta.
Antes de cravar meus dentes em seus pescoços quentes, corri para dentro do continente, atravessando o território francês em disparada e chegando a Volterra antes do Sol nascer.
Não deveria me surpreender ao encontrar outros de minha espécie - principalmente aqui -, mas paralisei de medo e surpresa ao sentir o cheiro inconfundível de um vampiro.
Me virei dentro do beco onde estava e encarei o desconhecido que me encarava - mas, para minha completa perplexidade não era um vampiro qualquer que me encarava, era Harry!
Antes que eu pudesse atacá-lo, ele estendeu as mãos como se mostrasse que estava desarmado, em missão de paz. Eu já ia acabar com ele de qualquer maneira... não custava lhe ceder algum tempo para explicações.
- Acalme-se Michelle. Tenho informações que podem fazê-la mudar de idéia a meu respeito.
Dei um muxoxo de descrença, mas deixei que ele continuasse.
- Você algum dia já se perguntou o por quê de eu ter partido com Vladmir?
- Mas é óbvio que sim Harry! Nunca entendi o porquê de vocês terem feito isso comigo, me deixado abandonada pelos últimos seis meses, tendo de me virar sozinha pelo mundo vampiro, que ainda era novidade para mim.
- Você não tem pleno conhecimento de meus dons, mas eu sou capaz de perceber quais são os objetivos de uma pessoa, forçando-a a mudar de idéia sobre o que deseja...
Tive de interrompê-lo:
- Mas pensei que você pudesse anular meus poderes, e que você tivesse terminado com a influência que eu tive sobre Vladmir.
- Não Mitchie - disse ele - sua influência já não era mais tão forte sobre ele... Vladmir já conseguiria te abandonar, se quisesse, mas ele queria você para lutar contra os Volturi e reaver o comando do mundo vampiro. Ele a estava usando, fazendo com que você pensasse que o tinha nas mãos, quando na verdade a situação era justamente o inverso.
Fui lentamente absorvendo o que ele havia me dito.
Observando minha expressão, Harry continuou:
- Só tirei Vladmir de perto de você para protegê-la Michelle! Demorou algum tempo, mas consegui fazer com que ele perdesse o desejo de usá-la, o que ocasionou em sua partida.
Por mais impossível que fosse, suas palavras faziam sentido, ele parecia dizer a verdade. Meu corpo, em uma reação involuntária, saiu da posição defensiva em que eu me encontrava, mas eu ainda não baixaria a guarda, não enquanto um último detalhe não fosse esclarecido.
- Só o que eu queria saber - comecei - é o porquê de você ter me protegido.
- Ah Mitchie! Como você pode ser tão obtusa? - espantou-se Harry - Fiz tudo isto porque a amo. Desde a primeira vez que coloquei os olhos em seus cabelos ruivos e feições perfeitas, mesmo antes de possuir a visão que tenho agora, a considerei a pessoa mais linda do mundo. Eu a amo, sempre a amei e só a magoei desta forma para protejê-la de Vladmir!
Antes que eu pudesse pensar em algo para dizer, Harry me puxou com força de encontro a seu corpo, e a única coisa que pude sentir foram seus lábios se movendo delicadamente nos meus.
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Aviso: É com muita alegria que posso anunciar agora que possuímos mais dois GRANDES aliados para o blog! A
Intrínseca, editora que trouxe a série Twilight da Tia Steph para o Brasil, e a
Twilight Fans, um blog de notícias sobre a série, os filmes e os projetos dos atores e atrizes!
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Decisão
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
19:01
► William POVEra de um prazer inexplicável ficar dentro daquela peça subterrânea, senão mágica. Em uma das poucas vezes da minha vida, eu pude sentir o cheiro separado do ar, das construções, dos materiais, do pó que se acumulava com as eras e, de longe, o cheiro de mais um vampiro e dos dois moradores do castelo de Bran. Tudo isso sem o cheiro de humanos, sem o cheiro do desespero. E aproveitar aquilo era como tomar banho em uma fonte termal; nada mais relaxante.
Mas duas coisas tomavam conta dos meus pensamentos. A primeira, é claro, era o aroma adocicado que indicava que havia outro vampiro no recinto, um vampiro que eu nem ao menos havia visto. A segunda, era a dúvida já sanada sobre ficar ou não com os vampiros Romenos.
Desde que fora humano, eu sabia que não tinha nascido com o propósito de servir alguém. Fora me dado o gene da liderança. Eu era um líder nato e sabia disso, e se não pudesse ser líder, então seria sozinho, nunca da criadagem. E seria essa a minha função se eu aceitasse a proposta de Vladimir e Stefan. Meus instintos diziam isso, bem como o meu cérebro. Eu sabia que eu não podia ficar ali com eles, eu sabia que estava só matando tempo, deitado no chão daquela peça, sozinho, aproveitando o cheiro de cada átomo, mas eu também não queria sair. Ir em direção a algo que eu nem ao menos conhecia parecia agora insanidade, quando você sabe que existem coisas que podem ser muito perigosas. E os dois vampiros sabiam todas as respostas. Talvez fosse insanidade sair, também. Aquele era o fim da linha, e eu seria insano de qualquer jeito.
Levantei do chão em um pulo, e alisei a roupa que eu estava no corpo. Inspirei por uma última vez o ar daquela fortificação e saí a passos rápidos. Eu sabia o caminho que Stefan tinha seguido ao me conduzir a este quarto, então conseguiria voltar ao salão principal até de olhos fechados.
- Já se decidiu? – Eu pude ouvir a voz de Vladimir retumbar por meus ouvidos e ecoar pelos quatro corredores, um em cada parede do salão, quando eu ultrapassava a última distância e aparecia na peça. – Vejo que você é rápido no gatilho! – Ele disse e virou-se de frente para mim. O cheiro de sangue vindo da taça que o vampiro segurava encheu minhas narinas e permaneceu em minha mente. Minha garganta reclamou, e eu abri a boca por breves instantes, antes de fechá-la novamente com força.
- Cadê o Stefan? – Perguntei, olhando para os lados. Provavelmente uma emboscada, caso eu não concordasse em participar do bando. Isso era jogo sujo!
- Cuidando da nossa outra hóspede. – Comentou ele, em tom casual, enquanto bebericava o sangue da taça. – Está servido?
- Não, obrigado. – Declinei, embora todo o meu corpo implorasse por sangue. Aparentemente, tinha ficado mais tempo do que pensava naquele quarto. – Eu só quero comunicar a minha decisão. – Falei o mais sério que pude.
- Vejo que esse discurso não vai ser tão bom para a nossa causa. – Vladimir fixou o olhar no chão, enquanto mexia avidamente em movimentos circulares a taça, fazendo o sangue girar. – Mas vamos lá. Sou todo ouvidos.
- Antes, gostaria de esperar a volta de Stefan, assim poupo o tem...
- Aqui estamos nós. – Falou uma voz doce e cantada demais para ser masculina. Girei cento e oitenta graus com a palma dos pés, e olhei estupefato para a menina, e ao seu lado, Stefan.
- Tiphany. – Ela se apresentou, e andou até ficar ao lado de Vladimir. Stefan fez o mesmo.
- Pode anunciar agora. – Reservei uns dez segundos para fazer meu cérebro voltar a funcionar, até poder abrir a boca e falar algo coerente.
- Eu decidi que não posso seguir a sua causa. – Ser direto seria mais prático do que ficar enrolando os dois vampiros mais experientes do planeta. – Não nasci para servir causas maiores, nasci sim para ter as minhas próprias. Não posso participar do bando. Eu não seria eu, se o fizesse.
Eles ficaram em silêncio o tempo suficiente para eu sentir meu estômago revirar.
- Está bem. – Falou por fim Stefan, com um breve sorriso no rosto. – Não era de se esperar que todos os que viessem aqui colaborassem conosco.
- Pedimos, ao menos, que não revele nossa moradia a um Volturi. – Completou Vladimir, terminando de beber o sangue da taça. Tiphany permaneceu quieta. – Você pode sair pelo mesmo lugar que entrou.
- Esperamos vê-lo em breve, William Blake. – Disse por fim Stefan, enquanto eu me dirigia ao corredor que me levava à saída. – E então poderemos lutar não em um mesmo bando, mas com os mesmos ideais. – Eu sorri para ele, e desapareci no corredor escuro.
Passei pelos mesmos corredores aos quais eu tinha me aventurado algum tempo antes, tempo o qual eu não sabia ao certo o que me esperava aqui no castelo de Bran. Vir à Romênia não tinha sido afinal tão grande perda de tempo. Eu sabia agora que não era alguma coisa que possuía todas as respostas, mas sim quem. E também tinha agora um motivo para não sabê-las. E agora tinha um motivo para existir. Ter todas as respostas, no fim, deve ser muito mais chato do que se espera.
Fechei o piso falso do salão central da parte externa do castelo de Bran, e desenrolei o tapete. Mas o cheiro de vampiro não cessou. Inspirei novamente, para só então perceber que havia mais um vampiro no recinto, um vampiro que ainda não tinha chegado ao castelo de Bran. Ele tinha o cheiro da Europa.
Segui o aroma até perceber que ela entraria do mesmo modo que eu, por uma das janelas. A esperei na peça, até ver sua silhueta no parapeito da janela. Protegendo os olhos devido a um resquício de auto-proteção que minha vivência humana tinha me dado, a vi descer até o piso, enquanto eu me escondia em uma das salas adjacentes. Era uma vampira. Ela procurou por todas as peças, enquanto eu me escondia atrás de uma poltrona. Percebi como ela repetia o gesto de voltar ao salão principal, sempre que saía de uma saleta ou outra. Ela se abaixou para tocar no tapete, e eu corri, sem fazer barulho algum, em direção a ela.
- Invadir museus no meio da noite é crime, sabia? – Zombei, enquanto ela se virava na minha direção com uma expressão perplexa no rosto. – Olá, estranha. – Eu sorri, pouco antes de apontar o piso falso e dizer qual a direção ela devia tomar. Ainda com o sorriso no rosto, despedi-me do cheiro especial que emanava das paredes milenárias, antes de sair, veloz, pela mesma janela que a vampira havia quebrado.
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Bran
sábado, 14 de fevereiro de 2009
15:33
► Catherine POVForam três horas e meia dentro de um avião até Bucareste, sem respirar – eu sei que não preciso, mas... ainda é tão desconfortável –, mas fingindo fazê-lo, totalmente consciente do sangue correndo pelas veias da minha companheira de assento, uma senhora idosa, que me olhava com piedade, acreditando que era por medo de voar que eu me agarrava com tanta firmeza no braço da poltrona. Eu lembrava do que Gabe havia me dito, que recém-nascidos eram incontroláveis, que sua sede era muito mais intensa. Eu sabia disso, lembrava dos primeiros dias... Estava com sede, minha garganta queimava, e o veneno enchia minha boca. Mas eu não ia morder ninguém dentro daquele avião. Não queria fazê-lo. Com medo da viagem, invadi o banco de sangue do Hospital St. Thomas – de novo –, roubei uma pilha de bolsas de sangue e, mesmo sentindo um pouco de náusea, bebi tudo, até que não houvesse mais espaço dentro do meu estômago. Mas ali, sentada ao lado da senhora que continuava a me olhar... Ela estendeu a mão para tocar a minha. Eu estava fria, é óbvio, e ela tomou isto, somado à minha palidez extrema, como mais um sinal do meu suposto medo de voar. Continuei sem respirar, agarrada ao braço do assento, que, felizmente, ninguém havia notado que eu amassara com meu aperto de ferro, e olhando fixamente através da janela. Num gesto maternal, a velha mulher levou a mão ao meu rosto, para um carinho. Foi um erro. O cheiro do pulso dela perto do meu nariz e minha boca tornou a sede ainda maior e impossível de controlar... Sem que ninguém mais visse – a maioria dos passageiros dormia –, cravei meus dentes ali, sugando seu sangue avidamente. Ela sequer teve tempo de pensar em gritar. Enojada comigo mesma, eu a cobri com o cobertor, e apaguei as luzes de leitura. Pareceria que ela havia tido uma tranqüila morte natural.
Depois do desembarque, em Bucareste, foram mais duas horas e meia até Brasov, e finalmente, mais uma hora e um pouquinho, até chegar a Bran. Teria sido mais fácil correr, agora vejo, mas... ainda não estou habituada às facilidades de ser uma vampira. Bem, de qualquer modo, aqui estou.
Eu não sei exatamente o que esperava encontrar quando decidi vir até o Castelo de Bran, mas decididamente não era isso. Tudo bem, por fora até que sim. É uma construção enorme, encravada aos pés dos Cárpatos, feita de pedra, com uma floresta escura ao redor, realmente uma linda paisagem. Como eu já havia mencionado, o lugar agora é um museu. Eu o visitei durante o dia, circulei por toda a parte para memorizar cada canto daquele lugar. Precisaria disso quando voltasse, à noite, afinal, não esperava encontrar vampiros transitando por ali à luz do dia. As pessoas se afastavam instintivamente de mim, mas eu não estava com fome. Havia cometido mais um pequeno deslize em Brasov, quando um idiota tentou me assaltar. Às vezes esqueço o quanto sou forte, quando o empurrei, ele bateu com força na parede, e um filete de sangue escorreu por sua testa. Foi o bastante para incendiar minha garganta, e me fazer morder seu pescoço no mesmo instante. Mas deixe-me voltar ao que realmente interessa. O cheiro. Enquanto andava por entre aquelas paredes, sentia o tempo todo um cheiro que me era, ao mesmo tempo, totalmente estranho, e extremamente familiar, e cuja origem eu não conseguia localizar. Ele me atraía, e me amedrontava ao mesmo tempo. O que eu encontraria quando voltasse ao castelo, mais tarde?
Voltei à cidade, para o pequeno hotel onde havia me hospedado, desta vez, correndo. Iria ficar por lá até que anoitecesse, conseguir alguma... na falta de definição melhor, comida, e depois voltaria ao castelo.
Quando a noite caiu, eu deixei novamente o hotel e corri de volta para o castelo. À noite ele era mais parecido com o que eu imaginava enquanto ainda estava em Londres. Dei uma volta ao redor dele, procurando alguma passagem mais fácil e menos visível. Mas, é claro, como uma construção antiga, o castelo tinha poucas janelas, todas muito altas, de vitrais, e que não abriam, e como um bom museu, as poucas portas ficavam bem fechadas durante a noite. Escolhi uma das janelas que ficava mais distante da entrada de visitantes e saltei até ela, parando sem dificuldade no pequeno parapeito. Lamentando ter que fazê-lo, quebrei o vidro, o que causou um barulho que ecoou alto por todo o castelo – droga de lugar velho e vazio – e pulei para dentro do castelo com um baque surdo. Ainda fico espantada com a minha leveza e agilidade, quando era humana eu tinha um bom equilíbrio, fruto de anos de aulas de dança, mas agora era incomparavelmente melhor.
Voltei a percorrer as salas, câmaras e quartos. Aparentemente, o castelo estava vazio. Eu apenas podia ouvir o ruído distante do rádio de pilha do vigia, perto da entrada principal. E o cheiro continuava lá, por todo o canto. Eu fui seguindo aquele cheiro, buscando o lugar onde ele era mais intenso. Era o salão principal, no andar térreo. O cheiro vinha... do chão? Eu já estava me abaixando para tentar descobrir de onde afinal vinha aquele maldito cheiro, quando ouvi aquela voz às minhas costas.
- Invadir museus no meio da noite é crime, sabia?
Se meu coração ainda batesse, ele com certeza estaria quase saindo pela boca. O primeiro pensamento que me ocorreu foi “Gabe”, mas quanto a isso eu estava errada. Eu me virei rapidamente, para o lugar de onde vinha a voz, que, e disso eu tinha certeza, não era humana. E sobre isto eu estava certa. Me encarando, a apenas alguns passos de distância, havia um jovem, que devia ter mais ou menos a minha idade, e olhos tão ou mais vermelhos do que os meus.
- Olá, estranha. – disse ele, com um leve sorriso.
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Início
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
14:17
► Catalina POV"Azul... Azul... Azul... Az"
- Cale a boca, Magaletha! - Catalina murmurou entre dentes. Era tão divertido deixá-la zangada...
- Está com medo de desmaiar de novo? - Perguntei segurando o riso.
- Não é desmaiar. - Minha irmã continuava sussurrando, tentando controlar a raiva - É como uma morte cerebral temporária. Além do mais que raio de música é essa? Você... Que droga, pare de mexer nesse carrinho idiota!
Eu ri alto, ainda balançando o carrinho de compras cheio de humanos desmaiados.
Acho que esse é o momento de explicar melhor... Vocês devem estar boiando...
O que acontece é que eu descobri recentemente que quando eu canto consigo desligar as funções cerebrais de humanos e vampiros. Humanos normais levam só quinze segundos (alguns mais, outros menos) e vampiros uns dois ou três minutos (não que eu tenha testado em outros fora a Cathy...). Todo o dia eu cantava em algum bar (era uma estratégia ótima, já que o álcool distorcia o cheiro de sangue, e assim não corria o risco de pular em cima de ninguém quando estivesse consciente, e é claro, a chance de encontrar crianças era nula) e quando todos desmaiavam, pegávamos alguns e levávamos para uma floresta para nos alimentar, e, aproveitando, limpávamos o caixa.
Aquilo era bem funcional e lucrativo (compramos dois óculos superescuros lindos e umas roupas) mas tedioso. Catalina nem ligava muito... Ele se sentia segura com a rotina. Eu não. Nunca tive exatamente planos para o futuro, mas viver daquele jeito, arrastando dia após dia por toda a eternidade seria tedioso. Muito tedioso. O cúmulo do tédio.
Estávamos muito próximas ao castelo de Bran naquele momento. Sendo honesta, escondidas entre as árvores que ladeavam a construção. Minha irmã estava bancando a misteriosa, se recusando a me falar dos vampiros do castelo. Tudo o que ela me disse, é que, se seus poderes estiverem funcionando, deveriam haver cinco vampiros lá. Ela estava brava comigo... Acho que eu estava sendo volúvel demais. Numa hora, ficava alegre e elétrica, e noutra começava a "chorar".
- Quando vamos entrar? - Perguntei.
- Temos que enterrar eles primeiro. - Catalina respondeu, com os braços cruzados na frente do corpo.
- Você gosta bastante de cavar, Né? - Perguntei sorrindo e imitando sua pose.
- É. - Ela murmurou - Agora, me ajuda aqui!
Minha irmã se ajoelhava na terra negra enquanto eu descarregava o carrinho.
A noite estava linda e fria, as estrelas bem claras no céu, do jeito que eu gostava. A neblina branca no chão, as árvores negras, finas e cumpridas. Aquele lugar era perfeito pra terminar aquilo que nunca tinha começado...
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Consequências
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
17:22
► Michelle POVA vida sozinha é realmente muito entediante. Eu poderia até pensar e criar uma companhia para mim... não Mitchie! Pare já com isso! Assim acabará como Vladmir, e essa é a última coisa que você quer, lembra?
Já se passaram seis meses desde que Vladmir me deixou por ele: Harry, o garoto que ele transformou para que fosse como um irmão para mim, mas só foi capaz de roubar de mim a companhia do meu criador... Se eu ao menos não tivesse sido tão ingênua e visto que os poderes do meu irmãozinho poderiam atenuar os meus, isso jamais teria acontecido.
Eu estou simplesmente cansada de vagar por Londres como uma mendiga qualquer. Sou muito mais do que isso, sou uma vampira, mais forte, rápida e bonita que qualquer humano; por isso tenho que viver como tal. Mereço uma vida de realeza, e isso é algo que, com meus poderes, posso obter facilmente...
A palavra realeza produziu um estalo em minha cabeça: pelo que dizem as histórias contadas pelos poucos de minha espécie que encontrei na cidade, foram os Volturi quem depuseram os habitantes do Castelo de Bran de seu trono. O que provavelmente significa que é a eles que devo recorrer caso queira ter algum sucesso na minha vingança - se derrotaram uma vez... É isso! Vou para Volterra agora mesmo!
Movida por uma forte determinação e sensação de que estava no rumo certo para conseguir o que queria, comecei a correr em direção ao Canal da Mancha: a maneira mais rápida de se chegar ao restante do continente europeu.
Ia mais rápida que o vento quando um cheiro em particular chamou minha atenção. Não era como o do restante dos humanos, era simplesmente delicioso! Minha boca imediatamente encheu-se de veneno e meu corpo se preparou para atacar minha presa. Eu já tinha me alimentado naquela noite, mas eu não tinha forças suficientes para deixar passar algo tão bom quanto aquilo.
Me virei para encarar o pobre humano que havia desafortunadamente cruzado meu caminho, e dei de cara com o garoto humano mais lindo que eu já havia visto na vida. Ele aparentava ser um pouco mais velho que eu, algo em torno dos dezessete anos. Seus olhos eram de um azul profundo e incrivelmente claro, seu cabelo era de um lindo tom castanho, sua pele era clara, e não tinha as marcas de acne características dos outros de sua idade. Sua expressão era de admiração, e sorri por dentro ao perceber que era para mim que ele olhava daquele jeito abobado. Às vezes me esquecia do quanto era bonita agora.
Tentei usar toda a minha força de vontade para prender minha respiração e fechar os olhos para não ver o rubor que tomou conta de sua face ao ver que eu o encarava - eu não queria matar um garoto pelo qual eu cairia de joelhos enquanto humana. Mas eu ainda podia ouvir seu coração batendo acelerado, o sangue correndo por todas as veias de seu corpo. A queimação em minha garganta era demais: eu não poderia resistir por muito tempo.
Abri meus olhos e ele ainda me encarava - esse duelo mental comigo mesma não devia ter durando sequer um segundo. Usei o tom de voz mais sedutor que pude conseguir:
- Oi!
Ele pareceu nervoso com minha saudação, mas respondeu de modo simpático:
- Olá! Sou Zachary, posso ajudá-la? Você parece meio perdida... - ele perdeu o fio da meada enquanto olhava meus olhos violeta - uma mistura do vermelho natural com as lentes azuis.
- É um prazer conhecê-lo Zachary. Sou Michelle. Você acertou em cheio, estou perdida sim... poderia me levar até o Canal da Mancha?
Ele hesitou por um segundo - provavelmente se perguntando o que uma garota faria lá àquela hora da noite - mas seu cavalheirismo britânico combinado ao meu poder o impediu de negar meu pedido.
Pobre Zachary... Mal havíamos andado duas quadras e eu o puxei para um beco. O som de agonia de seus lábios quando meus dentes afiados perfuraram sua jugular; e seu rosto, cheio de dor e pesar naquele momento, seriam coisas que provavelmente me assombrariam por um bom tempo. Seu sangue era realmente delicioso - foi impossível parar até que todo seu corpo fosse drenado.
Deixei seu corpo sem vida caído no chão e segui para a água, querendo mais do que nunca poder sucumbir ao conforto das lágrimas.
Era a primeira vez que eu desejava ter continuado como uma humana frágil e rejeitada, que lamentava por Vladmir ter me mudado, me transformado na vampira-monstro que eu era agora.
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Proposta tentadora
► William POVQuinze minutos depois, eu já ultrapassava a fronteira de Brasov e punha os pés pela primeira vez em Bran. O que me escondia era o campo largo da zona rural que dividia as duas cidades. Abaixei-me entre as plantas altas para que ninguém me visse lá e olhei em todas as direções. Finalmente encontrei. Envolto de árvores, e no alto, pude localizar as torres majestosas do castelo de Bran. A cidade era toda imersa dentro da floresta. O lugar ideal para um vampiro viver. Corri por entre elas, contornando as casas e os lugares onde eu sentia cheiro de humanos. O sangue da mulher de Brasov ainda retumbava no meu estômago, como se fosse mais denso que os demais que eu já tivera provado. Isso era bom. Era como se durasse mais.
A floresta era maior do que eu imaginava, mas ainda assim a venci sem problemas maiores. A cada passo, eu via o castelo se aproximando mais e mais de mim, enquanto eu já sentia o prazer de saber que todas as informações que tinham me atraído para lá me seriam ensinadas.
Parei em uma das últimas camadas de árvores que me separavam da parede branca da entrada do castelo, e olhei para todos os lados. Nenhum movimento. Não era de se impressionar, quando você estava rondando uma cidade quase inóspita, em uma época sem turistas, no meio da madrugada. Vasculhei o terreno com o meu olfato, mas ainda assim nada encontrei. Nada de humano nos últimos dois quilômetros, mas nada de vampiros também.
Voltei a andar, dessa vez com calma, imaginando o que teria acontecido com todas as minhas respostas, ou onde elas estariam. Não sabia se seria um livro, um pergaminho, ou um vídeo informativo com cenas dos Padrinhos Mágicos nunca mostrados na televisão. Ah, eu sentia saudades dos Padrinhos mágicos.
A porta da frente estava trancada. Afinal, o castelo agora era um museu. Que pessoa em sã consciência teria a capacidade de administrar um museu se não soubesse que tinha que trancar a porta da frente quando ninguém mais estivesse lá?
Contornei o castelo – e acreditem, não foi uma coisa fácil quando estamos falando de uma construção imensa e antiga -, até encontrar uma janela. É claro que as janelas não eram de abrir. Então, obviamente, eu teria que quebrar um vidro.
A janela mais próxima ficava a uns dez metros de altura. Castelos, eu pensei, enquanto recuava um pouco e tomava impulso para saltar. Com precisão, parei na pequena extremidade da janela que ficava além do vidro. Eu daria inveja à Shawn Johnson, pensei, e um sorriso se esboçou no meu rosto enquanto eu pensava em dar alguns mortais no próximo salto. Com um soco fraco, quebrei o vidro com facilidade, como se fosse rasgar papel.
É claro que o barulho ecoou no mínimo por todo o castelo, mas eu não me importei. Eu era a única coisa consciente que perambulava o local. Pulei da janela para dentro. Analisei o local.
As paredes todas eram muito brancas, como se tudo ali dentro resistisse à passagem dos séculos. Vários quadros com pessoas me encarando estavam pendurados na parede, e eu analisei cada um, até que me senti perdido entre as gerações. E todos me encaravam.
Saí daquele lugar o mais rápido possível, porque nada me mantinha lá. Pelo menos, nada de importante. Puxei uma bolsa de sangue do bolso e bebi um pouco, enquanto visitava os outros cômodos. Nada de importante, nada escrito. Nenhum livro, nenhum nada. Aquilo tinha sido uma total perda de tempo.
Resolvi visitar mais uma vez os cômodos, para ver se eu não tinha perdido nada. Desta vez, analisei profundamente cada centímetro do castelo, dessa vez também passando por cada parte do piso dele.
No salão central, enquanto eu analisava, olhando para cima, o lustre do teto, eu senti um leve rangido, e um pequeno tremor sobre meus pés. Franzi o cenho e contemplei o chão debaixo dos meus tênis. Um tapete.
Arregalei os olhos com a idéia; eles eram realmente inteligentes. Sobre o tapete, ainda havia uma mesa e duas poltronas. Tirei as poltronas do lugar, uma com cada mão, e enrolei o tapete em direção à mesa.
O piso era todo feito em moldes de piso que formavam diversos quadrados grandes de três metros quadrados. Andei novamente sobre o piso sob o lustre e ouvi o leve rangido. Fiquei sobre quatro pés, e usei minha força para puxar o piso de três metros quadrados que mostrava o centro da sala.
E ele saiu facilmente. Pelo menos para um vampiro.
O cheiro insubstituível de um vampiro entrou pelas minhas narinas. Um. Não, dois. Minha boca se abriu em um sorriso de triunfo, e eu não pude me conter por mais de segundos antes de pular pelo buraco. Era uma grande queda, algo em cerca de vinte metros, mas para um vampiro, era fácil de anular o impacto.
Quando coloquei os pés no chão, consegui enxergar à luz de tochas, um caminho de dois metros de altura. Andei por ele, olhando para todas as direções e prestando o máximo de atenção. Por ser vampiros e morarem no castelo de Bran, não queria dizer que eram bons ou amigáveis.
Continuei a correr seguindo a direção que resultava no cheiro dos dois desconhecidos. Afinal, é melhor surpreender uma onça do que ser surpreendido por ela. Corri sem descanso por alguns vinte minutos. A parte subterrânea do castelo era gigantesca, e tomava a forma de um labirinto, com algumas grandes peças entre um corredor e outro. O cheiro ficava mais forte a cada centímetro que eu percorria, e só por ele eu ainda não tinha parado e desistido daquela viagem idiota ali mesmo.
- Seja bem-vindo. – Eu ouvi a voz cautelosa de um, quando já chegava em uma nova peça, dessa vez tendo corredores nas quatro direções. Essa devia ser a sala central. Este vampiro e outro estavam parados lado a lado, em posições defensivas, mas não tão cautelosas. Eles eram mais pálidos que o normal, e seus olhos brilhavam à luz das tochas de um vermelho vivo e mais líquido que eu jamais tinha percebido em um vampiro.
- Quem é você, vampiro? – Perguntou o outro, quando eu terminei de me aproximar. – O que quer conosco?
- Me chamo William Blake. – A compreensão passou pelos olhos dos dois com um brilho diferente. – Sou vampiro há dois anos, e os outros vampiros do Brasil me disseram que vocês possuíam todas as respostas para as possíveis perguntas que eu tivesse.
“Então, sem pensar duas vezes eu vim de avião para a Romênia encontrar vocês e sanar todas as minhas dúvidas.
- Somos Vladimir e Stefan. – Falou o primeiro, os dois tinham um sorriso irônico e maligno no rosto. – E para toda a informação há um preço.
- Não pense que nós temos um livro, um manual do vampiro. Isso seria muito bizarro. – O outro falou, imagino que era Stefan, entre risos. – O que nós temos é isto aqui. – Ele apontou para a própria cabeça, estreitando os lábios em uma expressão que passava confiança.
- Temos dezenas de milhares de anos de experiência. Conhecemos todos os mais poderosos e antigos vampiros. Mas infelizmente, somos os dois últimos da nossa época que ainda vivem pra contar história. – Vladimir deu de ombros. – E como eu disse antes, dezenas de milhares de anos de experiência e informações precisas sobre a raça vampírica, cada linha de conhecimento muito bem guardada em nossos cérebros, têm um custo. E o custo é que você se junte a nós.
- Como um bando. – Completou o outro por fim. – Nós temos certeza que há muitos vampiros vindo para o Castelo de Bran nesse momento, e vamos fazer com que todos se juntem à nós.
- Este é o preço dos nossos conhecimentos.
- É uma oferta tentadora, - eu comecei, porque já tinha pensado em todas as possibilidades enquanto eles terminavam de falar – mas ser um subordinado preso à pequenas pontadas de conhecimento vez ou outra, e ter de servir a vocês dois sempre é um preço muito alto a se pagar.
- Você não aceita, então? – Stefan mordeu o lábio inferior, ansioso. – Você pode ainda descobrir muitas coisas que nem imagina sobre vampiros, e outras criaturas que nenhum outro vampiro teve o prazer de cruzar pelo caminho.
- Eu preciso pensar. – Disse por fim, e os dois mostraram um largo sorriso. – Existe algum lugar onde eu possa ficar sozinho e pensar em tudo com calma?
- Conosco você nunca estará sozinho. – Zombou Stefan, enquanto se encaminhava pelo corredor à leste – mas existem algumas salas mais privadas, onde mantemos em cada uma os objetos pessoais de cada vampiro. Venha comigo.
Eu o acompanhei, enquanto notava que suas posições estavam mais descansadas. Eu sabia apenas de uma coisa, eu era o menos privilegiado entre os três. Já não possuía a força de um recém nascido, e não tinha a experiência de um vampiro formado. Eu estaria em maus bocados caso iniciasse uma batalha contra dois vampiros milenários, e poderia aprender com eles em um ano o que eu aprenderia em centenas de milhares. Era melhor pensar com cuidado em cada detalhe para não me precipitar.
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O começo de uma busca
domingo, 8 de fevereiro de 2009
16:14
► Izobel POVJá faz tanto tempo desde a pior noite da minha vida, mas o rosto dele não sai da minha mente. Tudo o que eu faço é pensar naqueles olhos, é sentir o seu maravilhoso perfume, é ouvir a sua doce voz. Sei que o que estou fazendo não é certo. Esse grande anel de diamantes que está no meu dedo diz isso. Tenho um noivo e é nele que tenho que pensar.
Mas por algum motivo sempre que olho para esse anel, sinto uma sensação estranha e lembro do outro: o monstro que sugou a vida do meu irmão. Deve ser coisa da minha cabeça. Como Henri sempre me diz, desde a morte do meu irmão eu tenho ficado obcecada. Tenho pesquisado sobre vampiros e outras criaturas, maneiras de exterminá-las, maneiras de fazê-lo pagar pelo o que tinha feito.
Ódio e vingança se misturam com um sentimento que eu não sei qual é. pelo menos uma vez por mês eu me sentia segura, como se alguém estivesse olhando por mim, cuidando de mim. E eu torcia para ser ele.- Pensando no nosso casamento? – ouvi a voz de Henri invadir meus pensamentos
Eu apenas olhei um pouco confusa para ele e tentei sorrir enquanto encaixava os meus pensamentos novamente.
- Não está pensando naquela noite está? – ele começou o questionário
- Se eu estivesse? Qual é o problema? Não foi você...
- Que viu seu irmão ser morto e quase morreu também. – Henri me cortou com raiva – Você ultimamente tem sido tão fria, vazia, vingativa
- O que você está querendo dizer com isso? – eu perguntei
- Que está difícil de ficar com você. – Henri me respondeu secamente
- Sinto muito Henri, mas não pedi para você ficar ao meu lado. – disse a ele no mesmo tom
- Se eu não ficasse do seu lado, quem ficaria? O seu salvador que te deixou na porta de uma delegacia, desamparada? – ele zombou e fez meu sangue ferver
- Eu não sei porque você sempre toca nesse maldito assunto. – disse me levantando com raiva
- Por que quando você não está pensando numa forma de achar o assassino do Pedro, você está pensando no homem que te salvou. – Henri me respondeu grossamente – Quando eu vou ter um espaço nos seus pensamentos.
- Quando você parar de tentar invadir a minha vida e deixar que eu apenas abre a porta para você. – eu falei tentando segurar um grito
- Você precisa se abrir! Ou vai morrer com essa amargura. – ele me disse enquanto eu saía
- Prefiro morrer a dize o que eu estou sentindo. – falei pra ele antes de ir embora
Saí da casa de Henri e fui andando calmamente pelas ruas. Estava um dia nublado e frio, assim como eu estava. A rua deserta não me incomodava mais. Até que eu senti não estar tão sozinha como eu pensava.
Olhei para trás, mas não vinha ninguém. As árvores se mexiam conforme o vento soprava e parecia ser o único barulho.
Continuei caminhando tranquilamente, mas aí ouvi um miado? Comecei então a procurar de onde vinha aquele miado, não costumava a ter gatos naquela vizinhança.
- Você acabou entregando nossa posição cogumelo. – ouvi uma menina, animada com uma voz belíssima.
Fui me aproximando devagar, mas ela se materializou na minha frente. Por incrível que pareça eu não me assustei, apenas fiquei encarando ela.
- Nossa, você é realmente bonita. – ela murmurou e eu não entendi nada
- Desculpe, devo ter pensado que era outra pessoa. – eu disse para aquela menina, parecendo ser um pouco mais nova que eu, porém com uma beleza assustadora
- Você deve ter pensado que era o Bill, mas ele apareceu duas vezes essa semana então...
A garota começou a tagarelar e eu não entendia muito o que ela estava dizendo.
- Bill? Não conheço nenhum....
Mas foi aí que tudo se encaixou. Aquela menina tinha as mesmas características dos seres que eu tanto estudava. Ela me encarou sorridente e chegou a dar um pulinho de felicidade quando percebeu que eu tinha ligado os fatos.
- Então o vampiro que me salvou se chama Bill. – eu falei num sopro de voz
- Nãaaaaaao querida. O vampiro gostosão que te salvou se chama Bill. – ela disse
- Você disse que ele vem sempre.....
- Claro. No mínimo duas vezes por semana. – ela me disse sorrindo
Eu devia estar com a maior cara de tacho da vida. Estava conversando com uma maluca que havia aparecido do nada e estava me dando as informações que eu cacei durante um ano.
- A propósito meu nome é Williene e esse é o Cogumelo. Somos os melhores, eu diria únicos, mas o Bill fica chateado. Bem, somos os melhores amigos do Bill. – ela falou animada
Mas eu não demonstrei reação alguma, apenas encarei ela e sacudi a cabeça.
- Droga, quando ele falou que você estava infeliz tava falando sério. – Williene comentou
- O Bill fala de mim? – eu perguntei
- Sempre. Na verdade ele falaria isso para você agora se não tivesse desistido na última hora. – Williene me respondeu – Ele me proibiu de vir aqui, sabe como é... ele acha que é pra você viver feliz da sua maneira
Fiquei quieta mais uma vez. Williene sempre me encarando com uma curiosidade que me deixava desconfortável.
- Por aqui tem alguma cafeteria que venda capuccino com calda de chocolate? – ela me perguntou
- Vampiros não comem ou tomam nada que não seja sangue. – eu respondi
- Vampiros estão se reunindo no tal castelo do tal Bram e eu não estou lá, senhora Bill. – Williene me disse zombando, mas logo ela colocou a mão na boca assustada
- Vampiros? No Castelo de Bram? – eu perguntei interessada
- Sim, sim. Mas esquece o que eu disse, você não vai querer ir pra lá. É um lugar feio, sem borboletas, nem um gatinho...
- Mas tem vampiros. – eu contrapus
- Que vão querer seu sangue florzinha. – ela me disse
- O vampiro que quis o sangue do meu irmão pode estar lá. Acha mesmo que me importo? – eu falei andando em direção a minha casa
- Você não pode ir! – ouvi ela gritando
Não me importei, apenas fiquei torcendo para que ela não usasse sua incrível força para me impedir. Mas ela não usou, apenas ficou gritando
- O BILL VAI ME MATAR. ME FAZER EM PICADINHOS TACAR FOGO E AINDA TACAR FOGO NAS MINHAS CINZAS! IZZY! – escutei ela gritando, mas não me importei
Ela havia me dado finalmente um ponto de inicio, o inicio da minha caçada.
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Meu único amigo.
► Williene POV- Sr. Misterioso, meu grande amigo e camarada! - Eu gritei, quando vi meu amiguinho todo lindo de preto. Ai, que pedaço de mal caminho! Eu sei, eu sei. Somos amigos, mas eu não sou cega, gente!
- Shh, Williente, fala baixo! Já é mais de meia-noite, as pessoas estão dormindo!
- Nhá, nhá, nhá, nhá, nhá, nhá, nhá! Você é muito educadinho. Eu estou vendo o dia em que você vai se dar mal por tanta educação!
- Williene... você é a amiga mais louca que eu tenho!
- Dãã, eu sou a sua única amiga! - Eu falei, dando um tapa na cabeça dele.
- Mas então, cabeção; o que me conta? - Eu perguntei, enlaçando nossos braços, e o levando em direção à cafeteria.
- Eu a vi! - Falou meu amiguinho, olhando para os sapatos.
- Quem? - Eu perguntei, abrindo a porta; nós demos uns sete passos e nos sentamos perto da janela.
- Izobel.
- A humana? TIOOO, EU QUERO UM CAPUCCINO COM CALDA DE CHOCOLATE! - Eu gritei pro senhor que estava atrás do balcão, e ele me olhou com uma cara estranha. Será que ele quer comer o meu fígado?
- Sim, Williene... fale baixo! Aliás, por que você está pedindo capuccino se você não pode beber?
- Quem disse que eu não posso?
- Você é uma vampira!
- E você é um reclamão! HAHA, ganhei! Ponto pra mim! VIVA EEU!
O tio do Capuccino chegou.
- Por que eu converso com você, mesmo?
- Porque você me viu fazendo Strip Tease e gamou em mim?
- Eu nunca te vi fazendo Strip Tease!
- E quer ver?
- Não!
- Tá bom!
- ...
- Fala da Izobel.
- Eu a vi.
- Isso eu já sei, cabeção! Você a procura de mês em mês!
- Ela está noiva! - Ah, não... Ele tá triste! Tá olhando pras mãos... odeio ver meu amigo triste.
- Você conhece o noivo? - Perguntei, bebendo o capuccino.
- Sim, e tem coisa errada nessa história!
- O quê?
- Eu não vou falar, ainda.
- Chato.
- Will... cadê o gato?
- Que gato?
- Como que gato, criatura?! O seu!
- Ahh, tá em casa.
- Casa? Você não tem casa!
- Droga... era surpresa! Eu comprei uma casinha para que nós possamos abrigar a humana.
- Como assim? - ai, por que ele arregalou o olho?
- Uai... pensa, filhote de canguru. - Eu o mostrei o meu melhor olhar mortífero.
- Nós vamos atrás da humana, a salvamos do noivo. VOcê transforma ela e TCHA-RAM! Vocês se casam!
- Ela...
- Eu sei que ela não está feliz com o noivado.
- Como você...
- Tá escrito nos teus olhos, Bill... Você não queria me contar, mas sabe que nunca vai conseguir esconder algo de mim. Eu te conheço! Você é como um irmão pra mim, e sempre que eu puder te fazer sorrir, eu vou fazer... Mas pra isso, eu preciso saber o que se passa em seu íntimo, para não ser intrometida! Você é a minha família! A Izobel te fará feliz, você a ama e precisa dela! Então, meu querido... ou você toma vergonha na cara e vem comigo, ou eu vou sozinha e trago ela! - Eu disse aquilo tudo olhando no fundo dos olhos dele e segurando o seu queixo.
Bill sorriu, ponto pra mim!
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Mudanças
sábado, 7 de fevereiro de 2009
17:34
► Catherine POVOk, isso vai ser um problema.
Eu coloquei o nome do tal castelo no Google. E ele fica na Romênia, a 2.543 quilômetros daqui!
Quer dizer, a capital da Romênia fica a 2.543 quilômetros daqui. Aqui é Londres, caso eu não tenha mencionado. E depois de chegar à capital, Bucareste, ainda tem mais um trecho de viagem até a tal cidade de Bran, perto de Brasov, que só pelos nomes, devem ficar na primeira esquina depois do fim do mundo.
E é pra lá que eu estou pretendendo ir.
Eu só posso estar ficando maluca.
Além disso, o lugar é um museu. No sentido literal da expressão. Eu já havia lido sobre ele, uma vez, só não estava ligando o nome à pessoa, ou ao vampiro, sei lá. É o antigo lar de Vlad Tepes, um príncipe meio doido e cruel, que, dizem, inspirou Stoker a escrever o seu "Drácula", que, aliás, é meio cansativo, mas bem interessante.
Mas deixa eu voltar ao assunto que realmente interessa. Eu não faço idéia de por que devo ir até lá, exceto que foi o que o meu misterioso criador me disse para fazer, e menos ainda do que exatamente estou procurando. Mas alguma coisa me diz que eu realmente preciso ir até lá. Ok, eu confesso. Estou esperando encontrar Gabriel em Bran.
E eu também tenho a impressão de que os meus problemas mal estão começando.
Eu não estou mais com sede. Ok, eu estou sim, mas não tanto quanto estive nos últimos dias. Tenho feito o que Gabe dizia fazer para se alimentar... assaltando os bancos de sangue dos hospitais de Londres e eventualmente... bebendo o sangue de animais.
Uuuuuugh!!!
Ruim, é verdade, mas me mantém de pé, em último caso. E longe das pessoas. Eu simplesmente NÃO VOU matar seres humanos. NÃO VOU. Ah, droga! Olha isso, seres humanos! Eles agora são de uma espécie diferente da minha. Presas. Não! Presas, não. Fiquei trancada nessa casa por dias – e noites –, para não correr esse risco, me alimentando até que não houvesse espaço dentro do meu estômago para eu desejar mais sangue. Os primeiros dias foram terríveis, a sede era simplesmente insuportável. Eu matava quatro, cinco pessoas em uma só noite, e nunca me sentia totalmente saciada. Matei uma garotinha, que não devia ter mais do que dez anos. Não conseguia me controlar, quando me dava conta, já estava escondida em algum beco, algum canto, o corpo em posição, pronta para atacar. Felizmente, Londres tem muitos becos e ruelas escuras onde eu podia me esconder e às minhas vítimas. Mas não quero mais pensar nisto. Já passou e não vai se repetir.
O quarto de Gabe é grande e bem arejado. A cama, onde eu estivera deitada, foi colocada aqui, meses atrás, apenas por minha causa, a humana da casa. Uma janela, que vai do chão até cerca de meio metro acima da minha cabeça me mostrava que começava a anoitecer. Era hora de sair.
Eu fui até a minha casa, com muito cuidado pra não ser vista. O cheiro das pessoas era quase insuportável, doce, tentador... fez minha garganta queimar de sede. Mas eu resisti.
Entrei na casa vazia, era quinta-feira, dia do pôquer na casa de John, o melhor amigo do meu pai. Provavelmente eles o haviam arrastado para lá, para distrai-lo da filha-adolescente-sem-coração-que-sumiu-de-casa-e-não-dá-notícias-há-dias. Fiquei feliz com isso, pois assim, meu pai não estava em casa, e eu não seria uma ameaça para ele. Hoje, de novo, ele havia ido à casa de Gabe, para ver se eu não estava por lá. Já perdi as contas de quantas vezes ele fez isso. Deu voltas e voltas ao redor do prédio, olhando para as janelas, subiu, tocou a campainha... eu não movi um músculo, e prendi a respiração com firmeza, enquanto pensava “é o meu pai, é o meu pai”, enquanto minha boca se enchia de veneno, que eu engolia e engolia. Depois de algum tempo, ele finalmente desistiu e foi embora.
Voltei à realidade, eu devia me apressar. Tentei não olhar para nada além do que estava procurando, mas foi impossível. Andei por todos os cômodos, toquei todos os móveis. Sabia que nunca mais voltaria. O cheiro do meu pai fez minha garganta voltar a queimar. Meu próprio pai! Apanhei algumas coisas de que ia precisar, roupas, meu cartão do banco e saí rápido. Na volta para cá, vi uma coisa que não havia percebido na ida. Cartazes estavam espalhados pela cidade inteira, com meu rosto estampado, em cores, e abaixo, “procura-se”. Lembrei dos filmes de faroeste, que costumava assistir com meu pai, quando era menor; eu agora era a vilã, mesmo que não quisesse. De volta à casa de Gabe, reuni tudo o que achava que poderia ser útil para a viagem. Livros, algumas coisas minhas, e dele, que estavam por aqui, como as lentes de contato, haviam vários pares guardados no banheiro. E dinheiro. Havia muito dinheiro aqui. E um cartão de banco, com o meu nome gravado nele. O meu novo nome, eu quero dizer. Catherine Reverbel. Era o que estava escrito no passaporte, e nos outros documentos que estavam junto com o cartão. Depois de ficar algum tempo olhando para os documentos e o cartão, absolutamente surpresa, apanhei-os também – aparentemente, tudo já estava planejado com minúcia, minha reação, e a viagem, eram esperadas –, e coloquei na mochila, onde estavam os pertences menores. Estava pronta para partir.
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A cidade de Bran
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
21:11
► Samantha POVMinha garganta já não ardia tanto, mas aquilo não era o suficiente. Saí correndo de meu apartamento e nem me importei em ir de elevador, descendo escadas é mais rápido. Cheguei até o térreo, acenei para o porteiro e sai correndo porta afora. Precisava chegar até o mato o mais rápido o possível, então, me contorcendo de sede, peguei meu Mercedes preto e pisei no acelerador.
Fiquei caçando uns três dias, até que minha sede já estava mais comportada. Na verdade, eu não estava tão preocupada com a sede, o que me incomodava, era ser quem sou. Já tinha me conformado em ser vampira, mas eu ainda precisava de algumas respostas, que acho que só o Castelo de Bran pode me dar.
Entrei no carro, pisei fundo no acelerador, rumo ao Castelo. Será que aquilo ia dar certo? Certeza de tudo eu não tinha, mas de uma coisa sim. Se eu precisasse morrer para encontrar respostas, eu iria.
Quando estava na metade do caminho, senti um cheiro horrível. Cheiro de lobisomem.
Ai.
Tinham lobisomens no meu caminho, e era bem provável que eles estivessem sentindo meu cheiro.
Quanto mais eu avançava, mais forte ficava o cheiro, até que quase dei de cara com um lobo, na forma humana.
- O que está fazendo aqui? - perguntou o "homem"
- Eu estou viajando - eu disse sem sair do carro, mas num tom de voz alto.
- Então vá logo
- Eu já estava indo se você não viesse me incomodar - eu rosnei.
Ele rosnou e depois me deixou passar. Era só o que me faltava, lobos. Aquele lobo parecia amigável... mas não era. Nenhum lobo é.
Lembrar de lobos me fez lembrar de um episódio em minha vida, depois de vencer uma luta...
[/flashback]
- Sam, agora que a batalha acabou, preciso falar com você - Kevin disse aflito
- O que foi? - a preocupação tomava conta de mim constantemente.
- Sam, eu vou embora. Eu não posso continuar aqui, só por sua causa. É claro que eu te amo, sempre vou amar, mas eu tenho que seguir em frente, eu só te atrapalho.
- O que você tá falando? Tá maluco? Você é a única razão da eternidade!
- Sam, você merece alguém melhor que eu. Eu não sou pra você.
Ele me abraçou, sorriu, triste,e saiu caminhando.
- Não vá!
- Adeus Sam.
Eu sangrava por dentro. Meu único amor, o dono do meu coração, se foi. Para sempre.
[/ fim do flashback]
Se eu pudesse chorar, eu estaria. Tive que respirar fundo e tentar me acalmar. Nunca tinha me conformado, como ele podia fazer isso comigo? Acho que é por isso que sou assim. Sozinha, calada, arrogante...
Minha esperança de encontrá-lo já tinha sido morta e picada em mil pedacinhos. Mas ainda sonho acordada com ele, sonho em encontrá-lo.
Só voltei a realidade quando me toquei que havia parado em frente a um aeroporto, para pegar um vôo para a Cidade de Bran. Wow. Eu, pegando um avião. Eu quase sempre evitava pegar aviões, com medo de matar a tripulação toda e acabar tendo que pilotar o avião. Não, não mesmo.
Mas hoje eu tinha que ceder, era o meu futuro que estava em jogo. Eu devia pensar em mim antes de tudo, não devia?
Fiquei uma eternidade esperando numa fila idiota, pra conseguir minhas passagens. Eu estava ODIANDO o cheiro no ar, o cheiro um tanto...doce...cheiro de humano. Droga.
Depois, segurando minha ENORME bagagem e me atrapalhando toda com as passagens, eu consegui entrar no avião. É claro que depois de uns 5 minutos que eles haviam fechado as portas minha garganta reclamou. Reclamou e parou no instante seguinte. Eu sentia um cheiro diferente. Um cheiro bom. Cheiro de vampiro.
E para ajudar o VAMPIRO (que foi sentar do meu lado, grrr) era não só um vampiro qualquer, era o MEU vampiro. O meu Kevin.
- Sam?
- K-Kevin? - eu gaguejei? Droga!
- Sam, o que VOCÊ tá fazendo nesse vôo?
- Você não queria me ver não é?
- Você planejou isso?
- Não, é claro que não! - eu falei alto demais, mas depois continuei - Você não respondeu a minha pergunta.
- Sempre sonhei em te encontrar novamente.
- Então porque me deixou naquele dia?
Ele revirou os olhos, depois deu de ombros.
- Vai tirar seus pés da poltrona e me deixar sentar ou não?
Cruzei os braços, desafiando-o. Ele revirou os olhos e disse:
- Não podemos lutar aqui.
Eu fiz uma careta, depois tirei os pés da poltrona.
- E aí, cadê ela?
- Ela quem, Sam?
- A sua namorada ué, a essa hora, você já deve ter tido umas vinte... Se eu estiver mentindo pode me dar um murro agora.
- Primeira coisa: eu não ia dar um murro em você nem querendo. Segunda coisa: Sim, eu já tive umas trezentas, pra tentar substituir você, mas a algum tempo eu admiti que você é insubstituível. Satisfeita?
- Aham... - fiz uma cara de lunática, depois tombei a cabeça para o lado da janela.
Eu não estava olhando pra ele, mas podia jurar que ele estava sorrindo. Eu devia estar sonhando. Kevin, o meu Kevin, aqui! KEVIN! AQUI! Vampiros podem pirar? Pois eu estou!
- O que vai fazer na cidade de Bran? - perguntei. Eu sou mesmo patética.
- Vou ao Castelo de Bran, preciso de respostas, e você?
- Ah, eu também.
- Vamos juntos!
- Kevin...
- Não diga nada.
Revirei os olhos.
Deviam ter passado uns dez minutos, quando ele de repente perguntou, como se não fosse nada:
- Você ainda me ama?
- O que?
- Eu fiz uma pergunta.
- Amo! Amo, tá bom? Te amo muito. Sempre amei. Satisfeito?
- Sabe... Na verdade eu estou muito, muito, muito satisfeito.
- A-ha.
- Também te amo. Muito.
Então, bom, o que eu menos esperava aconteceu. Ele me beijou. Sério. Beijou mesmo! Beijou do mesmo jeito em que nos beijávamos antes... bons tempos aqueles.
- Pára - eu falei afastando-o de mim.
Ele riu e eu não aguentei. Quando me toquei, nós dois estavamos dando gargalhadas...Eu tava realmente doidinha.
Depois o avião pousou e nós descemos (de mãos dadas? É, de mãos dadas! Meu Deus!) e pronto. Estávamos na cidade onde ficava O Castelo de Bran. Eu estava a um passo da eternidade perfeita. Com o amor da minha existência, com as respostas que sempre quis.
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Traveler
► Regan POVEu ainda não sabia o motivo, mas estava preparando uma mochila esportiva. Coloquei lá umas roupas e alguns poucos utensílios eletrônicos. Coloquei uma alça nos ombros e sai do casebre que me abrigava nas montanhas. Corri rapidamente para um jipe que eu havia “ganhado” de Roland. Eu liguei a chave na ignição e parte em alta velocidade. Infelizmente, a estrada enlameada pela chuva forte que caia e o jipe antigo não me eram cúmplices. O carro ia com dificuldade descendo as ladeiras da montanha. Cheguei na cidade em meia hora. Nunca abri mão do meu hábito humano: dirigir. A cidade estava quase deserta quando cheguei lá. Andei até chegar em frente a um bar. Embaixo de uma marquise, coloquei a touca da encharcada jaqueta. Entrei no bar e logo cheguei numa mesa mais ao fundo. Estava quase vazio, e era iluminado apenas por duas lâmpadas muito fracas. Uma garçonete velha se aproximou de mim com um bloco de notas e um lápis.
- O que quer, senhor?
Ela era realmente mais velha do que eu para me chamar de “senhor”.
- Nada. Nada.
Eu fiquei por lá, secando por um tempo. Quando ninguém estava olhando, sai rápido do bar. Entrei no carro e parte em alta velocidade.
A estrada para sair de Walsh Lake era necessário descer uma estrada perigosa. Ainda mais com aquela chuva. Então, uma curva fechada veio. Não pude controlar o carro. Ele bateu na mureta. Pulei do jipe e ele caiu no precipício abaixou. Logo, vi-me deparado com um dilema. A, poderia esperar um carro e matar quem estivesse dentro. B, correr. Preferi a última.
Quinze minutos depois, cheguei na cidade seguinte. Ali não havia nenhum Vigilante. Enquanto passava em alta velocidade pela cidade, que eu nunca havia conhecido. A chuva passou. O céu, para minha sorte, não abriu. Esta noite eu iria caçar.
Vagando por uma rua escura, eu passei na frente de um beco. De lá saíram três homens encapuzados. Com arma em punho. Sorri.
- Perdeu playboy. Passa tudo agora!!
O homem mais alto disse, apontando a arma pro meu peito. Com um sorriso maldoso no rosto, peguei o braço dele e girei. Ouvi o braço dele quebrar e joguei-o pra dentro do beco. Os outros largaram as pistolas e saíram correndo. Eu pulei e peguei os dois pelo pescoço. Mordi o de um, depois do outro. Larguei os corpos e voltei para aquele do beco. Ele gritou e se debateu, mas logo caiu em óbito. Limpado a boca, voltei para o lugar em que jaziam os comparsas dele. Arrastei até o lado do outro. Feito isso, sai em busca de mais alguma vitima.
Fazia dez anos que eu era um vampiro, e nos primeiros seis anos que eu matava qualquer um que aparecesse. Agora, como um viajante, deveria voltar a fazer isso. Bem, entrei no subúrbio da cidade e larguei minha mochila detrás de um arbusto. Andando com as mãos no bolso, andava pela parte do comércio. Numa esquina, três mulheres faziam ponto. Repulsivo, no entanto, eu estava com fome. Peguei a mais velha de todas – deveria ter uns vinte anos – e levei-a a um hotel barato que havia ali.
No quarto, ela deitou-se costas na cama.
- Vire-se – eu ordenei. Sem entender nada, ela fez isso. Sentei-me do lado dela.
- Antes de tudo, tenho uma dúvida. Por que escolheu essa vida?
Sem entender nada, ela disse:
- Era a maneira mais fácil de se viver nessa cidade. As oportunidades de trabalho aqui...
- No entanto, existe sempre um jeito de se viver. Quanto você recebe por noite? Trezes, quatorze dólares? Tsc, tsc. Vender o corpo por tão pouco... Pena que o ponto vai perder uma de suas funcionárias.
Um brilho passou nos meus olhos. Avancei contra ela e mordi a jugular dela.
Depois que as outras duas garotas foram embora, eu sai do prédio. Passei pela recepção como um vento e voltei ao lugar que havia deixado minha mochila. Peguei-a e passei pelos ombros. Sai do subúrbio e corri para sair da cidade.
Eu estava escondido na mata quando o sol começou a despontar no céu. Senti-o tocando lentamente minha pele. Ergui o braço e fechei os olhos. Depois, sai da mata.
Agora eu era um vampiro nômade. Mais um no mundo de hoje. Talvez eu encontre mais deles por ai... Agora eu sou um Viajante...
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Depressão
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
13:29
► Catalina POVJá ouviu falar em depressão pós-parto? Maggie estava sofrendo de algo um pouco mais complicado do que aquilo... Era como “depressão por nunca mais ter uma mínima chance de parir”.
Nos primeiros dois minutos, minha irmã estava achando essa história de ser vampira um máximo, mas então caiu na real. Ela, uma vegana assumida (um daqueles vegetarianos doidos com uma força de vontade surreal que nem mesmo bebiam leite e comiam ovos!) bebendo sangue de pessoas? Magaletha também sempre quis ter filhos, mesmo que fosse só um, e com a transformação todos os seus fluídos corporais viraram veneno, e ela não tinha mais como ter um bebê (Essa a Maggie demorou pra sacar... Sempre foi péssima com biologia). Depois daquilo começou o pandemônio.
Um urro afugentou os pássaros que descansavam pacificamente no topo de um pinheiro.
“Isso mesmo, Mag” pensei, revirando os olhos “Essa é uma atitude exemplar para uma amante de todas as criaturas vivas na terra.”
Magalheta bateu a cabeça na árvore com força, enquanto uivava e gemia.
- Além do mais, sem bebês? Como é isso? – Ela chorou – Eu não ligaria se morresse depois... E claro, adotar também seria uma opção, mas não ia dar... Afinal, eu podia aparecer faminta qualquer dia desses e...
Minha irmã juntou os braços ao lado do corpo e chacoalhou a cabeça freneticamente, em pânico.
- E como se não fosse o bastante, ainda não posso morrer! – Ela sibilou entredentes.
Epa! Qual era o problema na imortalidade? Afinal, aquilo era a melhor parte.
- Como? – Perguntei sem o menor tato.
- Catalina!! – Maggie gritou, virando-se para mim. Apesar de saber que tinha chances de vencê-la numa luta mano-a-mano (a fúria de uma recém-nascida contra a minha habilidade), vendo seus olhos vermelhos se virarem para mim, afiados como facas, perdi todas as defesas e passei a estremecer de medo – Você fez isso comigo! Faz idéia do que é ser condenada a uma existência eterna totalmente vazia??? – Magaletha deu alguns passos em minha direção, e eu recuei, ainda sentada no chão, fazendo um barulho de folhas se arrastando pelo bosque – É culpa sua!!! Toda sua!! Morrer seria melhor, seri...
A vampira medonha que estava me confrontando há um segundo atrás desabou no chão com um urro teatral e voltou a ser minha irmã.
- M-m-me d-desculp-pe! – Ela gaguejou – Não, n-não, Caty... – Maggie começou e balançar o corpo como se estivesse tendo uma convulsão.
Eu suspirei pesadamente. Certo, alguém poderia dizer que só fiz isso por ela ser minha irmã, e eu devia me sentir horrível vendo-a desse jeito, outros diriam que era o instinto ou a bondade humana ainda remanescente em mim, ou talvez até que eu estivesse apenas de saco cheio do chororô melodramático dela, mas, fosse pelo que fosse, eu me levantei das raízes em que estava deitada e ajoelhei-me ao se lado botando as mãos nos ombros frios dela.
Murmurei palavras aleatórias, tentando formular uma frase decente.
- Maggie... – sussurrei, abraçando-a – Eu sinto muito... Muito de verdade... Mas eu só fiz aquilo por que...
Percebendo o meu silêncio, Magaletha virou-se para mim. Seus olhos perderam o aspecto hostil, mas estavam tristes, queimando em tristeza, afogando-se nela...
- É difícil te dizer isso, mas... – Murmurei, agradecendo por não ser mais humana, senão daria sinais do meu constrangimento corando – Eu... Eu... Eu precisava... – Fiz uma longa pausa, tomando ar por impulso, mesmo sem necessidade, e falei em voz alta – Eu precisava de você. E ainda preciso. Demais.
Mag me abraçou, arrastando-me com ela pelo chão revestido de folhas até encostar em um dos pinheiros, me ajeitando em seu colo.
É claro que o que havia dito não fora encenação. Podem me chamar de egoísta ou monstruosa, mas condenara a pessoa mais importante para mim ao sofrimento eterno, a ser aquilo que ela mais odiava, por medo de ficar sozinha.
Sem aviso, Magaletha começou a cantar com sua voz divina uma música. Ela lembrara da minha favorita. Ela começara cantarolando, e tinha uma entonação muito mais pura e musical do que a interprete original. Na verdade, a cantora da qual me lembrava parecia estar sendo torturada, comparada a voz da minha irmã. Nem sereias poderiam fazer um som daqueles... Não era algo imaginável.
Claro, depois de dois minutos e quarenta e um segundos (sim, eu contei, está bem?) o mundo sumiu. Nunca vou saber o que aconteceu, já que Maggie não quisera me contar, mas eu simplesmente perdi a conciência, e voltei algumas horas mais tarde. O sol já estava a pino, então eu devia ter apagado por horas. Estranhamente, ela ainda cantava enquanto olhava para o topo das árvores. Um raio de sol atravessava a copa dos pinheiros, discreto como uma fita dourada, nos iluminando. Perguntei-me se ela vira seu reflexo depois de virar vampira. Ela estava tão bonita... Os cabelos estavam mais cheios, o cílios mais longos, e a pele sem marcas ou vincos. Naquele instante, é claro, ela estava brilhando como se fosse feita de bilhões de estrelas minúsculas. Aninhei-me melhor, e ela se virou para mim.
- Vamos sair dessa. – murmurei – Vou fazer de tudo para arranjar uma solução...
Ela assentiu lentamente, ainda cantando.
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Personalityless
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
22:12
► (Narrado em terceira pessoa)Aro saía do seu cativeiro na torre de Volterra pela primeira vez em alguns bons anos. Ele não visitava mais a parte externa da cidade, somente as torres e o castelo que tinha como moradia junto com Caius e Marcus. O mundo agora era um lugar pacífico para se viver, graças ao grande controle dos outros vampiros pelos Volturi.
Comandar aquela raça extraordinariamente avançada, se comparada aos demais seres existentes na face daquele planetinha chamado terra, era monotonamente fácil. “Ninguém pode com os Volturi” pra cá, “não ouse quebrar as regras” pra lá, e tudo ficava na mesma. O fato é que ninguém tinha a audácia de apontar para um Volturi, porque você sabe como as coisas são. Elas se enfeitam espontaneamente ao longo do tempo que se passa. Mas a verdade é que Aro estava sedento por ação. Por uma aventura tão difícil, como uma nova grande rebelião, ou um grupo secreto de vampiros que estivesse criando um exército contra eles. Foi por esse motivo que naquela noite ele saía para as ruas da cidade tão calma da Itália. Queria procurar encrenca, pelo simples fato de o ditado dizer que quem procura, acha.
Mas nem sempre o faz. Embora fosse indistinguível a aparência de vampiros normais, Aro era milenário, e sua pele mantinha um tom semelhante ao do papel. Nenhum humano vivo conseguia ter aquela cor, ou os olhos vermelho-leitosos. E ele se arriscara até a sair sem óculos daquela vez, ou com um grande manto cobrindo seu rosto. Se ele queria algo emocionante, até um humano valia à pena.
Foi por isso que não contara aos seus outros irmãos sua pequena saída à noite. Em grande parte, fora porque não era apenas uma saída à noite. Era uma aventura. Estava claro ali que Aro não queria só cheirar o ar puro da cidade, ou matar um humano ou outro. Ele sairia de Volterra e sentiria o que não sentia há muitos anos. Sentiria a adrenalina percorrendo seu corpo, e outras tantas emoções que te fazem se sentir bem, e ele já havia até esquecido.
Vampiros como o Aro nunca saíam sozinhos à noite, mas nesta ele tinha conseguido essa proeza. Embora ele soubesse que provavelmente seus irmãos já tivessem noticiado sua saída, eles não podiam prever que ele fugiria dali, com uma mão na frente e outra atrás, mas aquele não era Aro.
Além de uma aventura, o vampiro que continha um terço do poder da nação devastadora de vampiros, Aro precisava redescobrir sua identidade. Estar em contato com tantas outras o fizera perder a personalidade, e era só uma questão de tempo para ganhá-la novamente.
E com grande velocidade, atravessou os portões de Volterra, fazendo com que apenas um vulto negro pudesse ser notado pelos guardas que guardavam atenciosamente a entrada da cidade mais segura do mundo, como se cuidassem de um bebê chorão.
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